segunda-feira, 21 de novembro de 2005

Animal Collective - Feels

Apreciação final: 8/10
Edição: Fat Cat, Outubro 2005
Género: Folk Experimental/Rock Experimental
Sítio Oficial: http://fat-cat.co.uk/








Quem ainda não conhece os Animal Collective, nesta altura do campeonato, não é merecedor do sentido auditivo. Sediados em Nova Iorque, Avey Tare e Panda Bear (a eles se juntam Deakin e Geologist) irromperam para o estrelato no ano transacto, com o deliciosamente alienado Sung Tongs, trazendo uma rajada de ar fresco (o substantivo lufada não faz justiça, por inteiro, à façanha dos Animal Collective) ao marasmo que, por vezes, firma estabelecimento no circuito mais experimental da música alternativa. E se há adeptos incondicionais do experimentalismo, mesmo da ousadia criativa sem fronteiras, são certamente estes dois rapazes. A música que assinam é, antes de mais, um turbilhão de emoções, umas vezes psicadélicas, outras vezes poéticas e sempre com um fundo musical viçoso, praticamente impossível de seriar mas, acima de tudo, encantadoramente inovador. Essa doutrina exploratória continua a ser o fio condutor de Feels, embora seguindo motes um tanto distintos. O cotejo inevitável com o trabalho anterior leva a uma inferência óbvia: não há limites para os Animal Collective! Eles são saudavelmente irrequietos, não se acomodam a formalismos e procuram uma fórmula musical cuja virtude maior é a transgressão de regras e o cruzamento de géneros. Assim, é comum encontrar nas composições da dupla americana, ainda que atrás de uma camuflagem oportuna, os feitios da folk mais intimista (particularmente sensíveis na segunda metade de Feels) ou os saracoteios das seitas rock'n'roll dos anos 50 e 60, aqui baralhados com pedaços de percussão quase tribalista e vocalizações voláteis. Chamar apenas folk electrónica à reacção química espontânea que é a música dos Animal Collective é ser restritivo. E ter ouvidos curtos.

Feels é mais aberto (e menos acústico) e acessível do que outros frutos do ensemble americano mas não deixa de renovar o culto a uma miríade de atalhos musicais que se projectam na mente do auditor, como pedaços fracturados de imagens e memórias. Cada canção é um manancial mágico de conceitos, a caminho de clímaces impacientes que se insinuam obstinadamente, quais réplicas antes das inquirações. Essas surgem depois, nos silêncios do fim do disco, quando o auditor, embevecido pela excursão inesperada a um sítio de quimeras, se deixa levar pela ressonância das melodias e não resiste ao impulso de voltar à primeira faixa. Mas as respostas, audição após audição, não aparecem. Antes, se renovam as perguntas. Porque assim continua a bucólica e esotérica maravilha dos Animal Collective. Os Beatles em Marte talvez fossem assim...

3 comentários:

Sunday Morning disse...

é um dos melhores albúns de 2005, eu tive oportinidade de ve-los ao vivo, foi pena as condições que tocaram

Anónimo disse...

O clima do Animal collective me lembra muito a banda brasileira Novos Baianos

Unknown disse...

Tenho que confessar a minha ignorância. Não conheço nada desses Novos Baianos...