Grande Auditório da Casa das Artes de Famalicão, 2 de Novembro de 2005
Jarboe é uma das mais proeminentes figuras do mundo da música alternativa americana. Dizer-se que ao lado de Michael Gira foi voz dos Swans, é já por si dizer-se muito. Exuberante e provocante, é a sua natureza. Com um passado tão díspar como o seu, entre o catolicismo da mãe e o facto dos pais terem sido agentes do FBI, Jarboe sempre foi polémica. As suas actuações já tiveram cerimónias com manuseamento de cobras e práticas sexuais menos ortodoxas. Deste cocktail explosivo resulta uma mulher multifacetada e inesperada. Prolífera na criação musical e indiferente a quaisquer barreiras, Jarboe busca o que outros não ousam sequer tentar. A título de exemplo, o álbum editado em 2003, em conjunto com os Neurosis, estabeleceu-se como um marco no seio do metal alternativo.
Senhora de uma voz versátil, Jarboe é capaz de encarnar personagens diversas. Tímida, sensual, colegial, demoníaca, sedutora, sexual...Jarboe é tudo isto e muito mais! Dor física e espiritual, reencarnação e religião, profanação e comunhão fazem parte do seu léxico!
A 14 de Setembro de 2002 Jarboe visitou o nosso país num concerto mais do que fabuloso. O Auditório de Serralves foi incendiado com a sensualidade de cinquentona intrépida. E ela ainda não editara com os Neurosis. Os arrepios eram mais que muitos. O concerto foi inserido num ciclo sobre sexualidade. Foi infalivelmente erótico!
Mas há muito mais no sexo do que o simples orgasmo. E o concerto de Famalicão teve de tudo.
Pré-preliminares: Nic Le Ban, guitarrista que acompanha Jarboe em palco, deu-nos cerca de 15 minutos de composições suas, em jeito de songwritter. Devia ter ficado quieto, é um facto! Material daquele não aquece ninguém, pode é servir para adormecer!
Preliminares: se me disserem que uma introdução não deve ter mais de 2 a 3 minutos, eu pergunto: os preliminares não podem durar cerca de 15 minutos?
Início do acto: a bela Paz Lenchantin (A Perfect Circle, Zwan, recente colaboradora de Entrance) entra em palco agarrada ao seu baixo. Jarboe segue-a e senta-se. Em jeito de meditação parece iniciar um ritual de cerimónia. Nesse momento, a doce e bela Paz acariciava-nos os ouvidos com as notas perfurantes do seu baixo.
O primeiro acto: a restante banda que acompanha Jarboe (Phil Petrocelli e Mike Rollins nas baterias, Nic Le Ban na guitarra) acomoda-se no palco e, de costas para o público fazem uma contrição em silêncio. Depois disto, nada será igual! O concerto não tem regras estabelecidas, é uma espécie de queda em espiral, em ritmos tribais, rumo à face profana da religiosidade.
Sodomia: duas baterias debitam invariavelmente sons de agressividade e violência em dose q.b.. Jarboe gatinha pelo palco. Senta-se em frente ao público e coloca-se no meio dele, em modos provocatórios. É tempo de sentir arrepios na espinha, como uma antevisão ou uma incontrolável expectactiva do que possa acontecer. A senhora não violentou sexualmente ninguém. Preferiu deitar-se numa cadeira e contorcer-se, tal e qual uma profissional do metier…
Masoquismo: perto do final Jarboe concorre com a velocidade das duas baterias. Verticalmente erecta, debruça-se e faz um headbanging perfeito capaz de arrefecer a sala com o efeito ventoinha. Depois, a cantora propõe-nos uma nova modalidade, o “armbanging”.
Coito interrompido: durante o concerto as pausas (longas e sucessivas) quebraram o ritmo fervilhante dos temas. Pior do que isso, Nic Le Ban revelou-se um empata. O seu registo foi pobre. O músico consegue mesmo um feito desrespeitoso: rebentar uma corda e só voltar ao palco depois de quase gastar o tempo suficiente para ir comprar outra! Os outros elementos da banda, exceptuando a eficiência de Lenchantin, dão sinais de pouco entrosamento (ou desinteresse?). A própria Jarboe pode ser mais excitante. Ela sabe-o. Naquele dia, a espontaneidade e a irreverência cederam lugar ao um profissionalismo frio que, mais do que penalizar Jarboe, desgosta os seus admiradores.
Carinho: no encore, Jarboe dedica “Mother/Father” a Michael Gira.
Beijinhos: Jarboe, para entrares no metal, traz contigo os Neurosis!
Jarboe é uma das mais proeminentes figuras do mundo da música alternativa americana. Dizer-se que ao lado de Michael Gira foi voz dos Swans, é já por si dizer-se muito. Exuberante e provocante, é a sua natureza. Com um passado tão díspar como o seu, entre o catolicismo da mãe e o facto dos pais terem sido agentes do FBI, Jarboe sempre foi polémica. As suas actuações já tiveram cerimónias com manuseamento de cobras e práticas sexuais menos ortodoxas. Deste cocktail explosivo resulta uma mulher multifacetada e inesperada. Prolífera na criação musical e indiferente a quaisquer barreiras, Jarboe busca o que outros não ousam sequer tentar. A título de exemplo, o álbum editado em 2003, em conjunto com os Neurosis, estabeleceu-se como um marco no seio do metal alternativo.
Senhora de uma voz versátil, Jarboe é capaz de encarnar personagens diversas. Tímida, sensual, colegial, demoníaca, sedutora, sexual...Jarboe é tudo isto e muito mais! Dor física e espiritual, reencarnação e religião, profanação e comunhão fazem parte do seu léxico!
A 14 de Setembro de 2002 Jarboe visitou o nosso país num concerto mais do que fabuloso. O Auditório de Serralves foi incendiado com a sensualidade de cinquentona intrépida. E ela ainda não editara com os Neurosis. Os arrepios eram mais que muitos. O concerto foi inserido num ciclo sobre sexualidade. Foi infalivelmente erótico!
Mas há muito mais no sexo do que o simples orgasmo. E o concerto de Famalicão teve de tudo.
Pré-preliminares: Nic Le Ban, guitarrista que acompanha Jarboe em palco, deu-nos cerca de 15 minutos de composições suas, em jeito de songwritter. Devia ter ficado quieto, é um facto! Material daquele não aquece ninguém, pode é servir para adormecer!
Preliminares: se me disserem que uma introdução não deve ter mais de 2 a 3 minutos, eu pergunto: os preliminares não podem durar cerca de 15 minutos?
Início do acto: a bela Paz Lenchantin (A Perfect Circle, Zwan, recente colaboradora de Entrance) entra em palco agarrada ao seu baixo. Jarboe segue-a e senta-se. Em jeito de meditação parece iniciar um ritual de cerimónia. Nesse momento, a doce e bela Paz acariciava-nos os ouvidos com as notas perfurantes do seu baixo.
O primeiro acto: a restante banda que acompanha Jarboe (Phil Petrocelli e Mike Rollins nas baterias, Nic Le Ban na guitarra) acomoda-se no palco e, de costas para o público fazem uma contrição em silêncio. Depois disto, nada será igual! O concerto não tem regras estabelecidas, é uma espécie de queda em espiral, em ritmos tribais, rumo à face profana da religiosidade.
Sodomia: duas baterias debitam invariavelmente sons de agressividade e violência em dose q.b.. Jarboe gatinha pelo palco. Senta-se em frente ao público e coloca-se no meio dele, em modos provocatórios. É tempo de sentir arrepios na espinha, como uma antevisão ou uma incontrolável expectactiva do que possa acontecer. A senhora não violentou sexualmente ninguém. Preferiu deitar-se numa cadeira e contorcer-se, tal e qual uma profissional do metier…
Masoquismo: perto do final Jarboe concorre com a velocidade das duas baterias. Verticalmente erecta, debruça-se e faz um headbanging perfeito capaz de arrefecer a sala com o efeito ventoinha. Depois, a cantora propõe-nos uma nova modalidade, o “armbanging”.
Coito interrompido: durante o concerto as pausas (longas e sucessivas) quebraram o ritmo fervilhante dos temas. Pior do que isso, Nic Le Ban revelou-se um empata. O seu registo foi pobre. O músico consegue mesmo um feito desrespeitoso: rebentar uma corda e só voltar ao palco depois de quase gastar o tempo suficiente para ir comprar outra! Os outros elementos da banda, exceptuando a eficiência de Lenchantin, dão sinais de pouco entrosamento (ou desinteresse?). A própria Jarboe pode ser mais excitante. Ela sabe-o. Naquele dia, a espontaneidade e a irreverência cederam lugar ao um profissionalismo frio que, mais do que penalizar Jarboe, desgosta os seus admiradores.
Carinho: no encore, Jarboe dedica “Mother/Father” a Michael Gira.
Beijinhos: Jarboe, para entrares no metal, traz contigo os Neurosis!
3 comentários:
«Anhedoniac» é um dos álbuns chave da década de 90! Manda dizer uma colega daqui da escola que é fanática de Jarboe e dos Swans desde a sua adolescência e que esteve presente no concerto em Leiria no Dia de Todos os Santos, tendo dado por bem empregues os 15 euros do bilhete. Eu confesso a minha ignorância: ainda não ouvi uma única música desta artista.
Tendo falado com quem esteve nos dois concertos, de facto ao que parece a Jarboe esteve bem superior em Leiria. Jarboe é capaz de muito melhor do que ofereceu em Famalicão, e tendo como comparação outra actuação dela em Serralves há 3 anos... a coisa não ajudou! Apenas e só isso. Jarboe é grande!
Porque razão este texto não está igual ao do Som Activo?
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