A prontidão da comunidade melómana a arrumar qualquer agente artístico sob um rótulo que o identifique com um determinado padrão estético, tem vindo a acolher os neo-zelandeses The Ruby Suns com a designação de "mini Polyphonic Spree". Se, muitas vezes, esse tipo de considerações apressadas tendem a desvirtuar a identidade musical dos visados, com que os reduzindo a um mero pastiche ou seguidismo estético, neste caso a comparação não vem totalmente a despropósito. Os Ruby Suns partilham, na essência, o paradigma estilístico do colectivo de Tim DeLaughter, pelo menos na evocação ecléctica de uma miríade de referências e, mais ainda, na experimentação com o som e as texturas e numa certa especulação psicadélica importada dos 70's. Destas premissas deriva um curioso conceito de canção - ela é a meta aqui - que, não deixando de ser fiel ao cânon da pop colorida contemporânea (leia-se Arcade Fire, Beirut, The Shins ou New Pornographers), revela também entusiasmo pelo desafio às formas mais consensuais. Ao mesmo tempo, atrás das inúmeras casualidades sonoras, das vibrações e da amálgama de estilos e culturas que enchem os trechos, há lugar para uma invulgar espiritualidade, dir-se-ia que própria de boémios utopistas. E é precisamente nessa porção onírica que a iconoclastia dos Ruby Suns ganha sentido e formosura, ao subverter conceitos e fórmulas, sem forçar a mescla dos ingredientes, assim desvendando canções harmoniosas e surpreendentes, quase naïf nos concentrados cénicos que insinuam e mágicas no deleite escapista de experimentar. Sea Lion é, por isso, uma excursão a um universo musical aberto a mestiçagens e encenações várias e à consequência da transculturalidade e, sobretudo, onde acontece uma família de canções de fino recorte. Verve indie à descoberta do mundo.
quarta-feira, 25 de junho de 2008
The Ruby Suns - Sea Lion
A prontidão da comunidade melómana a arrumar qualquer agente artístico sob um rótulo que o identifique com um determinado padrão estético, tem vindo a acolher os neo-zelandeses The Ruby Suns com a designação de "mini Polyphonic Spree". Se, muitas vezes, esse tipo de considerações apressadas tendem a desvirtuar a identidade musical dos visados, com que os reduzindo a um mero pastiche ou seguidismo estético, neste caso a comparação não vem totalmente a despropósito. Os Ruby Suns partilham, na essência, o paradigma estilístico do colectivo de Tim DeLaughter, pelo menos na evocação ecléctica de uma miríade de referências e, mais ainda, na experimentação com o som e as texturas e numa certa especulação psicadélica importada dos 70's. Destas premissas deriva um curioso conceito de canção - ela é a meta aqui - que, não deixando de ser fiel ao cânon da pop colorida contemporânea (leia-se Arcade Fire, Beirut, The Shins ou New Pornographers), revela também entusiasmo pelo desafio às formas mais consensuais. Ao mesmo tempo, atrás das inúmeras casualidades sonoras, das vibrações e da amálgama de estilos e culturas que enchem os trechos, há lugar para uma invulgar espiritualidade, dir-se-ia que própria de boémios utopistas. E é precisamente nessa porção onírica que a iconoclastia dos Ruby Suns ganha sentido e formosura, ao subverter conceitos e fórmulas, sem forçar a mescla dos ingredientes, assim desvendando canções harmoniosas e surpreendentes, quase naïf nos concentrados cénicos que insinuam e mágicas no deleite escapista de experimentar. Sea Lion é, por isso, uma excursão a um universo musical aberto a mestiçagens e encenações várias e à consequência da transculturalidade e, sobretudo, onde acontece uma família de canções de fino recorte. Verve indie à descoberta do mundo.
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