quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

American Music Club - The Golden Age

7/10
Merge Records
2008
www.american-music-club.com



Poucos serão aqueles que não reconhecem na figura de Mark Eitzel uma das mais peremptórias âncoras do universo indie americano. Por inerência, os American Music Club, colectivo que lidera há cerca de vintena e meia de anos (com um hiato sabático de uma década pelo meio), merecem ser reconhecidos na exacta medida em que a sua música desbravou consciências, mesclando num jeito único os arquétipos da folk americana e a complexidade intimista de um compositor muito cuidadoso na hora de reflectir sobre cenários pessoais e circunstâncias sociais à sua volta. O produto musical dos AMC tornou-se, assim, não apenas um harmónico cancioneiro das várias dimensões e descendências da música americana (de cariz essencialmente acústico e cadência pausada), como também uma obra recheada, em partes iguais, de letras de introspecção e de consciência político-social, quase sempre pautadas por um romantismo negro e pureza sentimental. Neste segunda manifestação depois do "regresso" (Love Songs For Patriots, de 2004, interrompera o tal interregno de dez anos), os AMC não desiludem e reafirmam a validade de uma linguagem musical singular, gentil e delicada, na primeira impressão, mas com um substrato de espírito observador desinquieto a revelar-se gradualmente. The Golden Age é, portanto, um disco que faz uso das melancolias de Eitzel, aqui e ali ousando escapar-se do conforto de um discurso cimentado ao longo de anos, mas sem um rasgo decisivo de novidade. O que, no caso dos AMC, não é necessariamente negativo, ou não estivéssemos perante um dos ensembles americanos de maior eloquência artística e com um discurso suficientemente emancipado para ter fôlego próprio e méritos peculiares. E para valer, em si mesmo, um muito competente desempenho na composição.

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