quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Dead Meadow - Old Growth

7/10
Matador
2008
www.deadmeadow.com



Embora esteja em actividade há mais de uma década e, inclusivamente, tenha figurado numa das famosas sessões do saudoso radialista John Peel, o trio americano Dead Meadow mantém-se um dos segredos mais bem guardados do stoner rock psicadélico. É verdade que esse género não é muito dado a grandes feitos mediáticos ou a públicos de grande escala e, em virtude disso, talvez se perceba como ainda tão pouca gente reparou neles, sendo este o quinto registo de uma discografia de surpreendente consistência, ora a piscar o olho aos cânones labirínticos e místicos do rock psicadélico dos 70's, ora a buscar ímpetos e desejos melódicos em referências mais actuais. Ao escutar a argúcia deste Old Growth - e, nele, desvendar todas as premissas da essência dos Dead Meadow - menos sentido faz o quase anonimato de Jason Simon e seus pares. As composições revelam um equilíbrio intocável entre construções melódicas e afinidades com o rock progressivo (os crescendos instrumentais são substância recorrente), entre fraseados vocais e instrumentais, entre a primazia da guitarra e a escora firme da percussão. Depois, não há nos Dead Meadow o despropositado sentido de urgência do stoner tradicional; eles descolam-se desse paradigma conceptual e preferem construir visando o detalhe, a contemplação, a auto-consciência do cultivo de uma certa fidalguia rock e, sobretudo, a noção de que a técnica não deve ser obstáculo à simplicidade estrutural das composições. E é essa a virtude maior de Old Growth, mostrar-nos música visceralmente simples, genuína na circunspecção e melancolia (nisso importa ânimos dos blues) mas, ainda assim, pejada de deliciosas minudências técnicas, servidas entre camadas de distorção ritmicamente estruturadas e doses infalíveis de solos. O instinto e a técnica a par, portanto, assim nos números musculados como nos momentos de maior placidez acústica. Um disco e uma banda dignos de francos encómios e que, em razão da sua completude, coerência e atributos, merecem ser resgatados dos baús do esquecimento e trazidos ao conhecimento da imensa legião de prosélitos do rock enquanto produto musical evoluído e sem espartilhos formais.

Sem comentários: