Depois de um álbum de estreia que o apresentou discretamente à cena electrónica berlinense (Bravo, de 2003), Sascha Funke viu crescer o seu reconhecimento artístico à custa de intensa actividade em remisturas e inúmeras edições avulsas em formato 12''. Tendo, portanto, granjeado elogios mais ou menos generalizados da crítica especializada, mormente pela sua natural apetência para conjugar o lado mais técnico e estruturado da techno minimalista com talhes de fino recorte ambiental/pop, não é estranho que se tenha erguido uma exigente vaga de expectativas em torno do segundo tomo. Se o debute anunciara vincado equilíbrio entre a frieza das cadências rítmicas - repetitivas, como convém ao género - e uma curiosa noção de melodias e ambientes mais emocionais (nesse particular, o recurso ao sintetizador como indutor de melancolias "suspensas" marcou pontos), o sucessor sublinha fórmulas e redesenha a profundidade das atmosferas. Mango é, sobretudo, um exercício de continuidade face ao antecessor e, nesse sentido, encerra poucas novidades identitárias. Estão cá o mesmo minimalismo rítmico, os mesmos coloridos do sintetizador e das programações e um sentido de work-in-progress - uma intencional e genuína incompletude - que, se é comum às várias descendências da escola berlinense e fez escola, no caso de Mango chega a confundir-se com menor arrumo e precisão nos arranjos, em manifesto prejuízo da coesão do álbum. Ainda assim, o segundo longa-duração de Sascha Funke tem alguns motivos de interesse ("Mango", "Double Checked" e "Chemin des Figons" fazem a tríade de eleição) e que comprovam os méritos do músico como um dos intérpretes mais relevantes da electrónica europeia contemporânea.
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008
Sascha Funke - Mango
Depois de um álbum de estreia que o apresentou discretamente à cena electrónica berlinense (Bravo, de 2003), Sascha Funke viu crescer o seu reconhecimento artístico à custa de intensa actividade em remisturas e inúmeras edições avulsas em formato 12''. Tendo, portanto, granjeado elogios mais ou menos generalizados da crítica especializada, mormente pela sua natural apetência para conjugar o lado mais técnico e estruturado da techno minimalista com talhes de fino recorte ambiental/pop, não é estranho que se tenha erguido uma exigente vaga de expectativas em torno do segundo tomo. Se o debute anunciara vincado equilíbrio entre a frieza das cadências rítmicas - repetitivas, como convém ao género - e uma curiosa noção de melodias e ambientes mais emocionais (nesse particular, o recurso ao sintetizador como indutor de melancolias "suspensas" marcou pontos), o sucessor sublinha fórmulas e redesenha a profundidade das atmosferas. Mango é, sobretudo, um exercício de continuidade face ao antecessor e, nesse sentido, encerra poucas novidades identitárias. Estão cá o mesmo minimalismo rítmico, os mesmos coloridos do sintetizador e das programações e um sentido de work-in-progress - uma intencional e genuína incompletude - que, se é comum às várias descendências da escola berlinense e fez escola, no caso de Mango chega a confundir-se com menor arrumo e precisão nos arranjos, em manifesto prejuízo da coesão do álbum. Ainda assim, o segundo longa-duração de Sascha Funke tem alguns motivos de interesse ("Mango", "Double Checked" e "Chemin des Figons" fazem a tríade de eleição) e que comprovam os méritos do músico como um dos intérpretes mais relevantes da electrónica europeia contemporânea.
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