segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Goldfrapp - Seventh Tree

6/10
Mute Records
EMI
2008
www.goldfrapp.co.uk



Depois de uma trindade de registos vocacionados essencialmente para perscrutar as potencialidades hedonistas da electrónica de grande consumo, Alison Goldfrapp ter-se-á cansado do quotidiano de estrela generalizadamente consagrada nesse orbe. Não se deve estranhar, portanto, que Seventh Tree seja uma espécie de volte-face e prescinda de parte significativa do cardápio costumeiro, pondo de lado a efusão sintética de outros discos, as camadas sobrepostas de sintetizadores, os efeitos vocais ou as guitarras angulares. No lugar dessa panóplia "artificial", as composições reservam, agora, espaço para um compromisso de estruturas acústicas, voz maioritariamente livre de maquilhagem e uma inesperada sensibilidade (e desafectação) pop. Nesse aspecto, as canções desvendam um curioso jogo de introspecções mais pessoais, ao sublinharem intimismo e densidade ambiental, no mesmo jeito do distante Felt Mountain, de 2000. Não obstante essa aproximação ao melhor passado de Goldfrapp e a consequente viragem acústica, Seventh Tree não chega a privar-se em absoluto das valências dos sintetizadores, acabando por usá-los como pontual escapatória de emergência, essencialmente no preenchimento dos ambientes acústicos. E é nessa irresolução, no estranho limbo entre o dançante urbano e a folk quase pastoral do início de percurso (aqui apenas reminiscente...), que se perde Seventh Tree. A despeito de um ou outro momento de maior assombro (a minimalista "Clowns" é paradigma) - a provar a validade segura da aliança Alison Goldfrapp/Will Gregory - o disco fica refém das suas próprias premissas, divagando medianamente entre uma proposta de pop surrealista e de abstracção (que imporia uma escrita com outro apuro) e a reciclagem cheia de impurezas dos vícios dançantes dos últimos registos. E acaba por não ser nem uma coisa nem outra.

Posto de escuta ClownsIHappinessIA&E

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