terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Sons & Daughters - This Gift




A curta carreira dos escoceses Sons & Daughters, se ainda não permite ilações muito extensas sobre os feitos a que este quarteto poderá almejar no futuro, abre espaço para uma interessante inferência: há nesta banda um vigor curioso e, seguramente, uma energia que os afasta de familiaridades com outros conterrâneos (como os plácidos Belle & Sebastian). Decisiva para esse distanciamento, é a voz (e a postura) de Adele Bethel, descendente mais ou menos assumida das linhagens poeirentas de riot girls, com aquele jeito próprio de quem, com a mesma genuinidade, adoça fantasias e crava garras. Nesse particular, depois do interessante Repulsion Box com que debutaram nos mercados internacionais pela mão da Domino, notam-se agora sinais de depuração de fórmulas, tanto no domínio das energias difusas da voz de Adele - claramente mais ajustadas às composições - como na maturação da matriz pop eléctrica que o grupo subscreve. E é de pop que se trata aqui, sem cosméticas desnecessárias, sem desperdícios e, sobretudo, com um contagiante impulso dançante que, à partida, não pareceria casar muito bem com texturas eléctricas e pouco polidas. A verdade é que, não sendo uma obra magna, o disco acaba por revelar méritos escondidos nas primeiras audições e torna-se uma interessante audição, a despeito da aparente (e, em alguns casos, real) previsibilidade que envolve algumas faixas do alinhamento. Assim os Sons & Daughters sejam capazes de alinhar pelas sugestões do suculento avanço "Guilt Complex" e, certamente, teremos banda para "rebentar" proximamente.

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