Mesmo tendo um percurso reconhecido durante alguns anos na sua Austrália natal como vocalista do colectivo Crisp, foi apenas com a partida para Londres que Sia Furler ganhou espaço na cena musical europeia. Uma vez fixada na capital britânica no final da década de noventa, Sia privou com protagonistas de escol do país, mormente como voz de suporte de Jamiroquai e, já depois de primeiras (e discretas) tentativas a solo, emprestando a sua voz a colaborações com William Orbit, os Massive Attack e, com impacto mediático acrescido, nos três últimos registos dos Zero 7. Não é surpresa, portanto, que o terceiro título de estúdio em nome próprio - editado pela Hear Music, subsidiária discográfica da cadeia de lojas Starbucks (depois dos lançamentos de Paul McCartney e Joni Mitchell) - dê mostras do significativo crescimento da sua música. Neste Some People Have Real Problems, fazem-se mais óbvias as afinidades vocais de Sia com os cânones clássicos da soul que desde sempre foram padrão inspirador, ainda que (bem) temperadas pela dose certa de urbanidade e rebeldia que, em paralelo com Amy Winehouse, a distinguem de muitas cantoras da nova geração. Ao mesmo tempo, o disco desvenda intenções pop mais transparentes, diga-se que com as mesmas coordenadas de Regina Spektor ou Leslie Feist, e estruturalmente algo distantes do pragmatismo electrónico dos álbuns anteriores. Texturalmente mais ricas e, sobretudo, servidas por magníficos arranjos, as novas canções representam o salto qualitativo mais adequado aos méritos que se anteviam nas suas composições e, seguramente, elevam Sia a um patamar não atingido antes. Nesse sentido, a despeito de uma capa manifestamente desconforme do ditame musical que o disco encerra (a frivolidade gráfica não tem correspondência no conteúdo musical), Some People Have Real Problems é, de longe, o melhor (e mais íntegro) exercício da carreira de Sia. E isso quer dizer que, finalmente, temos canções (e produção) na medida certa para uma das intérpretes mais competentes e imaginativas da música contemporânea.
quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
Sia - Some People Have Real Problems
Mesmo tendo um percurso reconhecido durante alguns anos na sua Austrália natal como vocalista do colectivo Crisp, foi apenas com a partida para Londres que Sia Furler ganhou espaço na cena musical europeia. Uma vez fixada na capital britânica no final da década de noventa, Sia privou com protagonistas de escol do país, mormente como voz de suporte de Jamiroquai e, já depois de primeiras (e discretas) tentativas a solo, emprestando a sua voz a colaborações com William Orbit, os Massive Attack e, com impacto mediático acrescido, nos três últimos registos dos Zero 7. Não é surpresa, portanto, que o terceiro título de estúdio em nome próprio - editado pela Hear Music, subsidiária discográfica da cadeia de lojas Starbucks (depois dos lançamentos de Paul McCartney e Joni Mitchell) - dê mostras do significativo crescimento da sua música. Neste Some People Have Real Problems, fazem-se mais óbvias as afinidades vocais de Sia com os cânones clássicos da soul que desde sempre foram padrão inspirador, ainda que (bem) temperadas pela dose certa de urbanidade e rebeldia que, em paralelo com Amy Winehouse, a distinguem de muitas cantoras da nova geração. Ao mesmo tempo, o disco desvenda intenções pop mais transparentes, diga-se que com as mesmas coordenadas de Regina Spektor ou Leslie Feist, e estruturalmente algo distantes do pragmatismo electrónico dos álbuns anteriores. Texturalmente mais ricas e, sobretudo, servidas por magníficos arranjos, as novas canções representam o salto qualitativo mais adequado aos méritos que se anteviam nas suas composições e, seguramente, elevam Sia a um patamar não atingido antes. Nesse sentido, a despeito de uma capa manifestamente desconforme do ditame musical que o disco encerra (a frivolidade gráfica não tem correspondência no conteúdo musical), Some People Have Real Problems é, de longe, o melhor (e mais íntegro) exercício da carreira de Sia. E isso quer dizer que, finalmente, temos canções (e produção) na medida certa para uma das intérpretes mais competentes e imaginativas da música contemporânea.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário