Nos lugares seguintes da tabela, dois esteios da música escandinava: os dinamarqueses Efterklang – que finalmente parecem ter encontrado o complemento de criatividade mais oportuno para o pragmatismo técnico que já se lhes conhecia – e o debutante sueco Alex Willner (The Field), adepto incondicional do minimalismo techno. A estes, seguiu-se a bizarria de Noah Lennox (Panda Bear) que, aproveitando uma pausa dos Animal Collective, nos ofereceu um disco recheado de belas especulações pop. Ainda no domínio dos chamados “projectos paralelos”, o canadiano Spencer Krug (Sunset Rubdown), editou o melhor dos seus discos individuais, demonstrando que a sua verve (e a sua carreira) não depende dos Wolf Parade. O último par de discos dos primeiros dez do ano é encerrado por dois projectos europeus. Sascha Winkler, artisticamente chamado Kalabrese, é o underdog do ano e um valor seguro para anos vindouros, com um impressivo primeiro álbum a merecer escuta atenta. A fechar, os germânicos Einstürzende Neubauten, senhores doutos do rock industrial europeu que, ao fim de trinta anos de carreira, ainda são capazes de reinventar-se.
Cá pelo burgo, o ano de 2008, trouxe uma tardia consagração comercial a Jorge Palma (foi preciso o homem escrever um disco mais comercial para muitos portugueses o ouvirem pela primeira vez!) e confirmou a solidez do estatuto de David Fonseca. JP Simões, o compositor português que deu luz aos Belle Chase Hotel e ao Quinteto Tati, escreveu um dos melhores discos do ano, numa clara homenagem à sua predilecção pela geração setentista da música brasileira. Este foi, também, o ano de afirmação definitiva de três projectos: os Micro Audio Waves que, depois de algum reconhecimento além-fronteiras, viram finalmente a sua música a merecer alguma exposição e o reconhecimento devido, os lisbonenses Hipnotica, cada vez mais um valor firme das tendências mais abstractas da música lusa, e Old Jerusalem, o espaço solitário com que o cantautor portuense Francisco Silva nos vem deliciando. Nas revelações, destacando-se da miríade de edições avulsas que subitamente invadiram o mercado nacional, merecem referência os experimentalistas Tropa Macaca, projecto de Ju-Undo e Símio Superior, com uma belíssima estreia em vinil, o conceito The Partisan Seed, onde o ex-Kafka Filipe Miranda desvenda posturas intimistas e DJ Ride, com uma impressiva primeira aparição, a prometer altos voos num futuro próximo. A finalizar, e porque os últimos podem ser os primeiros, o destaque maior do ano nacional foi o regresso do homem dos sete instrumentos, Júlio Pereira, num sublime exercício de redescoberta das raízes da música lusa e respectivas convergências com espaços e referências sonoras de outras partes do planeta.
E assim se fez música em 2007.
Os dez mais (internacionais):
1.º Battles, Mirrored
2.º Burial, Untrue
3.º Yeasayer, All Hour Cymbals
4.º The National, Boxer
5.º Efterklang, Parades
6.º The Field, From Here We Go Sublime
7.º Panda Bear, Person Pitch
8.º Sunset Rubdown, Random Spirit Lover
9.º Kalabrese, Rumpelzirkus
10.º Einstürzende Neubauten, Alles Wieder Offen
Os dez mais (nacionais):
1.º Júlio Pereira, Geografias
2.º Tropa Macaca, Marfim
3.º JP Simões, 1970
4.º Micro Audio Waves, Odd Size Baggage
5.º Hipnótica, Better Communities For Better Days
6.º DJ Ride, Turntable Food
7.º Mário Laginha Trio, Espaço
8.º Old Jerusalem, The Temple Bell
9.º Blasted Mechanism, Sound in Light
10.º The Partisan Seed, Visions of Solitary Branches
Para consultar a lista completa dos trinta melhores discos do ano, clique aqui.
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