Quando a prestigiada publicação Les Inrockuptibles fez nota de destaque sobre a música do iraniano Sharyar Mazgani, há coisa de um par de anos, então incluindo-o num rol de músicos-revelação a observar nos anos seguintes, poucos seriam os melómanos portugueses a conhecer a sua música e a saber da ligação de quase duas décadas do compositor a Portugal. De então para cá, o músico radicado em Setúbal viu crescer à sua volta um ainda injustamente pequeno (tendo como referência a dimensão artística e a qualidade do conceito) culto de admiradores - a vitória no festival Termómetro Unplugged de 2005, já com a companhia de Sérgio Mendes (guitarra), Rui David (bateria) e Victor Coimbra (baixo), foi apenas uma etapa na consagração que se previa - rendidos a um som de nostalgias folk, com o norte nos cânones "clássicos" de Nick Drake ou dos primórdios de Leonard Cohen (assumidamente uma das bússolas do iraniano), mas com oportuníssimas divagações pelos ensinamentos das escolas rock contemporâneas, sobretudo na forma como, na guitarra, o acústico se enlaça com o eléctrico para o desenho das melodias. O resto é ténue pó de melancolias e uma voz assombrada pela intimidade, tão capaz de mostrar-se levitante e utópica como, de seguida, render-se ao ónus das evidências e deixar-se resvalar para o grave arrastado. Em qualquer dos registos - aí fazendo jus ao título do disco - as eufonias de Mazgani são de puro romantismo, de redenção e espiritualidade, cruzando esperança e saudade. E isso é feito com subtileza e sentido de proporção e, mesmo sem desvendar uma fórmula musical especialmente inovadora, acaba por permitir a descoberta (para aqueles que ainda não o conheciam) de um intérprete para seguir com efectiva atenção no futuro próximo.
terça-feira, 11 de dezembro de 2007
Mazgani - Song Of the New Heart
Quando a prestigiada publicação Les Inrockuptibles fez nota de destaque sobre a música do iraniano Sharyar Mazgani, há coisa de um par de anos, então incluindo-o num rol de músicos-revelação a observar nos anos seguintes, poucos seriam os melómanos portugueses a conhecer a sua música e a saber da ligação de quase duas décadas do compositor a Portugal. De então para cá, o músico radicado em Setúbal viu crescer à sua volta um ainda injustamente pequeno (tendo como referência a dimensão artística e a qualidade do conceito) culto de admiradores - a vitória no festival Termómetro Unplugged de 2005, já com a companhia de Sérgio Mendes (guitarra), Rui David (bateria) e Victor Coimbra (baixo), foi apenas uma etapa na consagração que se previa - rendidos a um som de nostalgias folk, com o norte nos cânones "clássicos" de Nick Drake ou dos primórdios de Leonard Cohen (assumidamente uma das bússolas do iraniano), mas com oportuníssimas divagações pelos ensinamentos das escolas rock contemporâneas, sobretudo na forma como, na guitarra, o acústico se enlaça com o eléctrico para o desenho das melodias. O resto é ténue pó de melancolias e uma voz assombrada pela intimidade, tão capaz de mostrar-se levitante e utópica como, de seguida, render-se ao ónus das evidências e deixar-se resvalar para o grave arrastado. Em qualquer dos registos - aí fazendo jus ao título do disco - as eufonias de Mazgani são de puro romantismo, de redenção e espiritualidade, cruzando esperança e saudade. E isso é feito com subtileza e sentido de proporção e, mesmo sem desvendar uma fórmula musical especialmente inovadora, acaba por permitir a descoberta (para aqueles que ainda não o conheciam) de um intérprete para seguir com efectiva atenção no futuro próximo.
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