Apesar de estar sediado num país (Grécia) distante dos principais círculos de distribuição de música na Europa, o projecto Sigmatropic despertou a atenção da comunidade melómana quando, há quatro anos, reuniu na mesma edição (Sixteen Haiku & Other Stories) uma ilustre trupe de convidados para emprestarem a sua voz a uma colecção de textos musicados e escolhidos na obra do poeta ("nobelizado" em 1963) Giorgos Seferis. Do impressivo rol de ajudantes constavam nomes como Robert Wyatt, Cat Power, James Sclavunos, Howe Gelb, Lee Ranaldo, Mark Eitzel e Laetitia Sadler. Alguns repetem conivências neste Dark Outside, conferindo ao disco uma diversidade vocal muito interessante e, mais do que isso, demonstrando inesperadas paridades com as coordenadas musicais de Akis Boyatzis (o guru-compositor dos Sigmatropic), especialmente quando a órbita das composições os obriga a distanciaram-se do conforto do habitat natural. Musicalmente, a proposta é a natural descendência da obra de debute, dando mostras de evolução da linguagem electro-folk e, em consequência disso, da tecedura mais consistente das canções. Ao mesmo tempo, e marcando um certo contraponto com o antecessor, Dark Outside é banhado por uma luminosidade não escutada antes, tanto no talhe melódico como na presença ocasionalmente menos taciturna das vozes (Anna Karakalou, nova voz residente do projecto, não brilha menos do que Robert Fisher, Howe Gelb ou Carla Torgerson). Único senão: no meio de uma família de vozes tão fecunda, o monocordismo (ou a previsibilidade) da voz de Boyatzis - particularmente notório em "Position One" ou "Monologue" - destoa e acaba por estorvar a afirmação de qualidade que os momentos altos ("A Song in My Wallet" ou "White") do disco faziam adivinhar. Ainda assim, Dark Outside conjuga substâncias suficientemente interessantes para merecer uma escuta de cortesia.
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