Depois das promessas antecipadas pelo muito interessante primeiro single ("Sunrise"), os nova-iorquinos Yeasayer concluem cerca de um ano de actividades com a edição do álbum de estreia. Mais do que ser uma mera resposta às expectativas sustentadas pelo cartão de visita, All Hour Cymbals desvenda um colectivo fértil em ideias e genuinamente nómada na hora de assentar arraiais nesta ou naquela referência estética. Dito isto, melhor se percebe que além de assumirem reverente descendência da pop madura de David Byrne, os Yeasayer colham ensinamentos de outras doutrinas, ora aceitando um certo saudosismo da cartilha psicadélica (com os Beach Boys ou os Jefferson Airplane à cabeça das referências), ora afinando melodias pelas escalas progressivas ou, em jeito de luminária mais ténue (mas não menos presente), bebendo de fontes de reminiscências africanas e orientais. Concentrar semelhante profusão de estéticas e filosofias num discurso uno não seria tarefa fácil, tal o risco de dispersão de ideias ou, pior do que isso, de construir um disco demasiado poroso para ser levado a sério. A verdade é que All Hour Cymbals desvenda exactamente o oposto, ao denotar um sentido de harmonia incrível, não só dando mostras da aptidão do quarteto em adaptar a miríade de influências a um equilibradíssimo denominador comum, mas também, e sobretudo isso, do desejo de afirmação de uma identidade própria, beneficiária das sinergias do processo criativo, é certo, mas com um vincado cunho pessoal. Depois, as canções têm o dom da surpresa, enchendo a mente de recordações e, ao lado destas, sugerindo um irresistível desfile de estímulos novos e refrescantes. Um esplêndido debute e uma das belíssimas surpresas da colheita americana deste ano.
quarta-feira, 28 de novembro de 2007
Yeasayer - All Hour Cymbals
Depois das promessas antecipadas pelo muito interessante primeiro single ("Sunrise"), os nova-iorquinos Yeasayer concluem cerca de um ano de actividades com a edição do álbum de estreia. Mais do que ser uma mera resposta às expectativas sustentadas pelo cartão de visita, All Hour Cymbals desvenda um colectivo fértil em ideias e genuinamente nómada na hora de assentar arraiais nesta ou naquela referência estética. Dito isto, melhor se percebe que além de assumirem reverente descendência da pop madura de David Byrne, os Yeasayer colham ensinamentos de outras doutrinas, ora aceitando um certo saudosismo da cartilha psicadélica (com os Beach Boys ou os Jefferson Airplane à cabeça das referências), ora afinando melodias pelas escalas progressivas ou, em jeito de luminária mais ténue (mas não menos presente), bebendo de fontes de reminiscências africanas e orientais. Concentrar semelhante profusão de estéticas e filosofias num discurso uno não seria tarefa fácil, tal o risco de dispersão de ideias ou, pior do que isso, de construir um disco demasiado poroso para ser levado a sério. A verdade é que All Hour Cymbals desvenda exactamente o oposto, ao denotar um sentido de harmonia incrível, não só dando mostras da aptidão do quarteto em adaptar a miríade de influências a um equilibradíssimo denominador comum, mas também, e sobretudo isso, do desejo de afirmação de uma identidade própria, beneficiária das sinergias do processo criativo, é certo, mas com um vincado cunho pessoal. Depois, as canções têm o dom da surpresa, enchendo a mente de recordações e, ao lado destas, sugerindo um irresistível desfile de estímulos novos e refrescantes. Um esplêndido debute e uma das belíssimas surpresas da colheita americana deste ano.
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