Quando três intrépidos alemães com traquejo nas electrónicas minimalistas (Olaf Bender, Carsten Nicolai e Frank Brettschneider) fundaram o selo Raster-Noton estavam, no fundo, a montar um palco de divulgação de um género acostumado à marginalidade. Em pouco mais de oito anos de sobrevivência, a editora (saída da fusão entre a Rastermusic e a Noton) ergueu um catálogo que, tirando do anonimato alguns dos artífices minimalistas mais talentosos - gente como o conceptualista William Basinski ou o "microscópico" IDM Ivan Pavlov (CoH), entre muitos outros - ajudou ao recrudescimento de uma espécie vanguardista de agentes electrónicos. A par das edições de terceiros, Bender (como Byetone), Nicolai (sob o celebérrimo pseudónimo Alva.Noto) e Brettschneider (com a assinatura Komet) construíram discografias individuais, aí destapando linguagens e ciências próprias que, ocasionalmente, fizeram convergir em dois projectos conjuntos: Produkt (neste, junta-se ao trio Tilo Seidel) e Signal.
Robotron é o segundo produto da sigla Signal, depois de Centrum, de há sete anos, e, tal como esse, é uma colecção de material avulso gravado pelo trio num período de anos anteriores à edições. Desta vez, a recolha cobre um sexteto de anos, de 2001 a 2006, em sessões de improviso tripartidas entre Berlim, Tóquio e Chemnitz. A nota de destaque do disco, além do inevitável pendor minimalista, eventualmente menos tímido (ou formalmente menos rígido) do que noutros trabalhos destes senhores, é a aposta na integração de muito lacónicas (e, por isso, oportuníssimas) texturas noise para suprir os vácuos. Depois, as peças insinuam um jogo de alternâncias, extremamente hábil diga-se, entre o recato da batida mínima (e contínua) e a tensão crescente da sobreposição de camadas de som. A fórmula nem sempre toca os mesmos êxtases ("Rawema" e "Epirex Motor" são portentos!), resvalando por breves instantes para a monotonia do piloto automático, mas demonstra uma solidez irrepreensível e uma geometria de sons que, não soando a produto "novo" (nem o pretenderia...), tem o inegável mérito de diluir, na mesma solução sónica, os juízos de três mestres do minimalismo. E isso é, por si só, motivo mais do que suficiente para encontrar gozo neste Robotron.
Posto de escuta Excertos do álbum
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