Apreciação final: 7/10
Edição: Geffen, Setembro 2005
Género: Pós-Rock/Experimental
Sítio Oficial: www.sigur-ros.co.uk
Edição: Geffen, Setembro 2005
Género: Pós-Rock/Experimental
Sítio Oficial: www.sigur-ros.co.uk
Nascidos em 1994, no seio da cerração e do frio da Islândia, os Sigur Rós já firmaram um código musical próprio, em violação de convenções e avocando um singular pacto com o som. A marca do colectivo nórdico distingue-se pela construção de uma atmosfera celestial (e mesmeriana) que deriva de uma orgânica sonora delicada - onde coabitam meticulosamente o piano, a guitarra, os sopros e substâncias etéreas (como a voz de Jonsi Birgisson) - e farta de teatralidade extraterrena. É essa a intuição que se desprende dos acordes volantes, das notas movediças e do feitiço vocal dos Sigur Rós; é a contemplação subconsciente de uma outra dimensão, de um universo paralelo que não existe mas que germina infalivelmente em altares imaginários no espírito do auditor. Takk ("Obrigado" em islandês) é o fruto glacial mais recente dos Sigur Rós e, mantendo a acuidade típica do grupo, mostra composições menos rebeldes, também mais próximas do formato canção, ainda que conservando uma feição distintiva dos islandeses que divide o seu som, com erudição, entre a ampliação orquestral e o intimismo despojado. Takk - o primeiro disco cantado em islandês e não no dialecto imaginado pelo grupo para os outros discos - é também o registo mais acessível e directo dos Sigur Rós. As texturas divulgam um compromisso instrumental acrescido, a voz é relegada, torna-se eventual como um recurso acidental. Depois, o quarto disco do ensemble escandinavo busca êxtases menos funestos e reencontra-se pacificamente com a ingenuidade do bucólico, num jogo ambivalente que constrói um repto inquietante à emoção e oferece, de seguida, a catarse para os sobressaltos induzidos.
Esgotado o efeito novidade, mantêm-se a mística fria e a magia quase mitológica de um dos mais inventivos conceitos da cena musical. Sem surpresas técnicas, Takk é contagiante e menos hermético do que os antecessores e expande a música dos Sigur Rós para a contemplação e a materialidade. Feito de música mais tangível, Takk remete-nos para uns Sigur Rós ditosos (em euforia?), sem hipoteca da sua condição dramática, mas aquém do zénite experimental de Agaetis Byrjun. Ainda assim, Takk é um encantatório anúncio do Outono que se avizinha e impõe um conselho: quando as temperaturas baixarem, nada melhor do que esquentar orelhas com headphones ao som do último trabalho dos Sigur Rós. Um takk para os rapazes também por isso.
4 comentários:
Dale is in da house!
Para mim é um dos álbuns do ano! Também digo Takk aos Sigur Rós por fazerem musica tao boa...
Gostei da crítica. "Esgotado o efeito novidade, mantém-se a mística fria e a magia quase mitológica de um dos mais inventivos conceitos da cena musical." Apesar disso, continuo um fiel fã e curiosamente, reconhecendo que Takk... não é o seu melhor álbum, tocou-me bastante. Dia 20/11 estarei no Coliseu :D.
(Mais uma vez, parabéns pelo blog! É excelente!)
Abraço
Meu Deus! Devo ser a única pessoa no país que não ouviu (e muito menos se rendeu) ao novo dos islandeses!
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