quarta-feira, 7 de setembro de 2005

The Magic Numbers

Apreciação final: 7/10
Edição: Heavenly, Junho 2005
Género: Indie Rock/Folk
Sítio Oficial: www.themagicnumbers.net








O quarteto Magic Numbers tem raízes em Londres e é formado por dois pares de irmãos - Romeo e Michele Stodart e Sean and Angela Gannon. Este álbum epónimo, também o primeiro trabalho do grupo, remete o ouvinte para a toada relaxante e harmoniosa da folk e do pop-rock dos anos 60. O som é directo e não se fecha na intuitiva nostalgia dos Mamas & Papas, de Brian Wilson ou de Dylan; a esse ilustre compadrio, os Magic Numbers acrescentam laivos de intemporalidade, concebendo uma marca sónica própria que deriva de estruturas melodiosas onde a guitarra e o baixo dialogam permanentemente, servindo as vozes o propósito simbiótico de unificar as partes. Depois, a verosimilhança inata das composições, a naturalidade do discurso e a ductilidade do som da banda conferem a Magic Numbers uma lisura superlativa. Impossível é não gostar deste registo imediato (não é sinónimo de simplista) e transgeracional, para avós (pela sensibilidade retro) e netos (pela fusão modernista), engenhosamente ornado por arranjos instrumentais e vocalizações múltiplas e com uma produção correcta. Todavia, a um certo comedimento na produção acresce o ajuste, em instantes do disco, a rudimentos na composição que, não minorando o feitiço saudável das canções, as torna subliminarmente aliterantes. Mas não é dessas vulnerabilidades que abrolha o tímido vigor deste disco?

Magic Numbers é um álbum com duas metades diversas. A primeira, mais recreativa e rock, tem alma veraneante e provoca um efeito colateral: dança hippie incontinente. A outra parte é simultaneamente traumática (os inevitáveis amores perdidos...) e terapêutica e expõe as fragilidades emocionais na forma clássica de balada pop ou country. Promissor, equilibrado e poético, Magic Numbers é um disco de decifração fácil e de aritmética sem mistérios: as doze (12) faixas são mesmo números mágicos. Com uma estreia assim, se o quarteto tiver a sensatez de corrigir os desvios, só pode confiar-se que, algures no porvir dos Magic Numbers, estará uma obra-prima. Enquanto ela não chega, vale a pena descobrir este trabalho.


Procure na grafonola as faixas "Forever Lost", "Mornings Eleven", "Long Legs" e "I See You, You See Me"

Sem comentários: