Apreciação final: 8/10
Edição: Rough Trade, Maio 2005
Género: Indie Rock
Edição: Rough Trade, Maio 2005
Género: Indie Rock
O nome do grupo é inspirado na definição do pintor francês Jean Debuffet para as mais variadas manifestações artísticas de sujeitos socialmente marginalizados e que vêm no produto-arte, sem pretensões ou regras, um meio privilegiado de comunicação. E é exactamente esse libertino desregramento artístico da arte de reclusos ou dementes que os londrinos Art Brut infundem na sua assinatura musical. A raíz está na insurreição do punk, aqui moldado com um engenho artístico superior a que não é indiferente a elasticidade vocal de Eddie Argos, num registo suficientemente fora de tom para não ser canto e afinado q.b. para não ser uma simples fala. As guitarras angulares preenchem o restante espaço sónico do disco, com uma precisão arrepiante e uma vivacidade electrizante. A competência dos músicos é convertida, com erudição rock, em exuberância sem exageros e em indomável genialidade criativa que transforma este álbum numa das mais originais e definitivas insinuações alternativas dos últimos tempos. E não há reticências aqui, os Art Brut insinuam com pontos finais cristalinos. Cada pedacinho deste Bang Bang Rock'n'Roll parece ter sido pensado meticulosamente para entreter e, mesmo com esse compromisso calculista, o disco não deixa de captar integralmente a rebeldia irónica do colectivo britânico. Além disso, o paradoxo maior do disco - que é também a sua força motriz essencial - é o poder (des)construtivo da escrita dos Art Brut: sem alquebrar, os rapazes ingleses implodem o punk e, aproveitando a energia gerada no processo, recriam-no com uma renovada amplitude. Mais do que Art Brut, o conceito sónico do grupo é art-punk.
Bang Bang Rock'n'Roll é uma inoculação imparável de adrenalina e tivessem algumas faixas uma pitada extra de acidez e estaríamos perante uma edição indispensável. Ainda assim, trata-se de um disco luzente e que apetece consumir sem comedimento. Com Bang Bang Rock'n'Roll, os Art Brut trouxeram um novo argumento ao rock: "popular culture no longer applies to me" diz Argos em "Bad Weekend". Debuffet tinha razão.
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