Drag City, 2015
Ben Chasny não tem um poiso estético definido, é um errante compulsivo e isso é particularmente notório no seu projecto musical a solo, quase a completar uma recheada década de edições dedicadas a especular sobre as possibilidades sonoras que podem começar nas cordas de uma guitarra. Aparte as suas colaborações regulares em colectivos do etiquetado movimento da New Weird America (a nova folk psicadélica), encabeçado mediaticamente pelo seu amigo Devendra Banhart, o guitarrista fez do conceito Six Organs of Admittance a sua sala de ensaios, em que a liberdade do trabalho individual lhe permite mostrar uma face mais efervescente da sua verve. Nesse espaço criativo, a canção enquanto objecto estruturado é secundária; o que importa é ir atrás de uma ideia e construir qualquer coisa em cima dela, sem formatações ou preconceitos. É também por isso que, na discografia Six Organs of Admittance, não existe sequer uma intenção de continuidade de álbum para álbum, antes o propósito de testar os limites de um instrumento enquanto produtor de sons. Em certo sentido, a obra de Chasny acaba por ser um desembaraçado exercício de musicologia da guitarra e, nesse particular, é um sucesso retumbante a que só o tempo virá a fazer justiça. Com mais ou menos electricidade, com registo vocal ou não, entre a música tradicional e o psicadelismo, entre blues e experimentalismo, com a ajuda pontual de percussão ou de orgãos, Chasny encontrou sempre matéria-prima para a sua demanda.
Hexadic põe termo a um hiato de três anos sem novas gravações e parte das derivações eléctricas inauguradas no antecessor Ascent (2011), levando-as a um extremismo novo no universo Chasny, sobretudo pelo enfoque inopinado na distorção. O resultado é uma implacável - talvez demais para os seguidores habituais de Six Organs of Admittance - e intrincada escalada sónica que desbrava terreno virgem na discografia de Chasny, sem contemplações e bem ao jeito (sem o ser) de uma lunática jam de improviso. Pode não ser o disco mais original do mundo, mas é mais uma oportuníssima achega ao cardápio de invenções de Six Organs of Admittance. Mas fica o aviso: apesar dos pedaços mais contemplativos, que também os há, Hexadic não é para tímpanos frágeis.
Hexadic põe termo a um hiato de três anos sem novas gravações e parte das derivações eléctricas inauguradas no antecessor Ascent (2011), levando-as a um extremismo novo no universo Chasny, sobretudo pelo enfoque inopinado na distorção. O resultado é uma implacável - talvez demais para os seguidores habituais de Six Organs of Admittance - e intrincada escalada sónica que desbrava terreno virgem na discografia de Chasny, sem contemplações e bem ao jeito (sem o ser) de uma lunática jam de improviso. Pode não ser o disco mais original do mundo, mas é mais uma oportuníssima achega ao cardápio de invenções de Six Organs of Admittance. Mas fica o aviso: apesar dos pedaços mais contemplativos, que também os há, Hexadic não é para tímpanos frágeis.
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