Caroline, 2015
A inopinada revelação dos australianos Tame Impala, nos últimos anos, abriu portas para os conterrâneos (e mais antigos) Pond, também oriundos de Perth e que vêm "emprestando" alguns dos seus integrantes ao colectivo de palco daqueles. Essas sinergias circunstanciais fazem sentido por nascerem da comunhão de estilos entre as duas trupes, ambas envolvidas na onda revivalista do psicadelismo que colheu simpatias em larga escala, um pouco por todos os quadrantes do panorama musical. Ainda assim, e a despeito da coincidência nas referências e da partilha de músicos, não há muito mais coisas em comum entre os Pond e os Tame Impala. Desde logo, a abordagem aos espaços psicadélicos é substancialmente diferente, sem apreciações de valor: o que nos Tame Impala é estrutura, nos Pond é improviso, o que nos Tame Impala é disciplina, nos Pond é desaforo, o que nos Tame Impala é afectação, nos Pond é relaxe. Tudo isto são motivos de sobra para a empatia instantânea que a música dos Pond fomenta, graças ao talhe descontraído e à intuída anarquia formal a que elasticamente se adapta e que tão bem serve os propósitos do psicadelismo.
À nascença este Man It Feels Like Space Again, sexto opus em outros tantos anos de existência, tinha já sobre si o oneroso encargo de suceder ao par de discos mais louvado, cada qual à sua maneira, na discografia dos Pond. Na forma, nada de especialmente revolucionário: estão cá as tradicionais ferramentas rock (que eles revolvem como poucos) e, talvez um pouco mais notadas, as cores dos sintetizadores. Mesmo não sendo o mais experimental dos discos dos Pond, Man It Feels Like Space Again é uma guloseima caleidoscópica, com teatralidade a rodos, com contrastes de tempo, tom, ambiente e direcção, com canções de géneros e feitios que mudam. E isso é, no fim, a fascinante identidade dos Pond.
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À nascença este Man It Feels Like Space Again, sexto opus em outros tantos anos de existência, tinha já sobre si o oneroso encargo de suceder ao par de discos mais louvado, cada qual à sua maneira, na discografia dos Pond. Na forma, nada de especialmente revolucionário: estão cá as tradicionais ferramentas rock (que eles revolvem como poucos) e, talvez um pouco mais notadas, as cores dos sintetizadores. Mesmo não sendo o mais experimental dos discos dos Pond, Man It Feels Like Space Again é uma guloseima caleidoscópica, com teatralidade a rodos, com contrastes de tempo, tom, ambiente e direcção, com canções de géneros e feitios que mudam. E isso é, no fim, a fascinante identidade dos Pond.
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