OVO Sound, 2013
Desde o início do percurso discográfico do canadiano Drake se percebeu que ele não correspondia à mais canónica figura de rapper, ou não houvesse um mais ou menos óbvio pendor pop nas suas composições. Isso contribuiu para a paulatina afirmação radio-friendly da sua música e para o consequente (e deveras impressivo) êxito comercial, a ponto de, em muitas circunstâncias, se ter inventado mediaticamente uma disputa entre ele e Kanye West (mais virado para 50 Cent) pelo posto de protagonista maior da família pop-rap. Independentemente disso, Drake chegou rapidamente a um El Dorado que lhe trouxe fortuna astronómica e o mediatismo que talvez não esperasse num horizonte temporal tão curto. E são precisamente os reflexos emocionais de ter-se dado de esbarro com um estilo de vida de pressão mediática e de luxo material que iluminam este Nothing Was the Same. No fundo, o disco, o terceiro longa-duração, é uma confissão ambivalente, passa pelo receio de Drake poder desligar-se das raízes, as suas (que foram sempre de classe média-alta, diga-se) e as da música que professa e, ao mesmo tempo, é uma tentativa de resgatar a integridade artística que teme ter perdido no caminho. Em certo sentido, além de ter esses propósitos introspectivos, o disco é um desengano pessoal que Drake partilha com os seguidores, tocando vários aspectos da sua vida, desde uma certa desilusão existencial, às fracturas sentimentais das relações amorosas e às vicissitudes dos vínculos familiares.
Musicalmente, este Nothing Was the Same é um pouco mais fiel à medula rap do que propriamente aos chavões orelhudos que fizeram de Drake uma estrela pop. Em tudo o resto, mantém-se a simplicidade textural que se conhecia, feita de elementos a insinuar dissonâncias mas que se encontram em simbioses improváveis e lentas. Ainda assim, a despeito de um ou outro momento luminoso (por exemplo, "Hold On, We're Going Home"), este é um disco marcado pelas luzes fuscas de uma confissão deprimida e reservada. O que não quer dizer que lhe faltem argumentos sólidos. Aubrey Drake Graham só está acabrunhado e apeteceu-lhe ser auto-indulgente.
Musicalmente, este Nothing Was the Same é um pouco mais fiel à medula rap do que propriamente aos chavões orelhudos que fizeram de Drake uma estrela pop. Em tudo o resto, mantém-se a simplicidade textural que se conhecia, feita de elementos a insinuar dissonâncias mas que se encontram em simbioses improváveis e lentas. Ainda assim, a despeito de um ou outro momento luminoso (por exemplo, "Hold On, We're Going Home"), este é um disco marcado pelas luzes fuscas de uma confissão deprimida e reservada. O que não quer dizer que lhe faltem argumentos sólidos. Aubrey Drake Graham só está acabrunhado e apeteceu-lhe ser auto-indulgente.
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