Apreciação final: 6/10
Edição: Sanctuary, Abril 2006
Género: Pop-Rock Alternativo
Sítio Oficial: www.morrisseymusic.com
Edição: Sanctuary, Abril 2006
Género: Pop-Rock Alternativo
Sítio Oficial: www.morrisseymusic.com
Qualquer tentativa de arrolamento dos nomes mais carismáticos da música pop do Reino Unido terá de incluir o nome de Morrissey. Desde o tempo em que os Smiths alimentaram o fôlego de Manchester, em plena década de 80, marcando uma viragem decisiva no conceito rock britânico (dos sintetizadores às guitarras), ao seu trajecto individual, Morrissey afirmou-se como um ícone incontornável, um crooner incontestado e um melancólico controverso, com uma imensa legião de fãs devotos. Esse estatuto foi reforçado com o aclamado You Are the Quarry (2004), disco que o trouxe de volta à primeira linha do mediatismo, depois de um período de sete anos sem gravações. Dois anos volvidos, o britânico está de volta, fazendo-se acompanhar do lendário produtor nova-iorquino Tony Visconti, um nome celebérrimo da era glam-rock, e das orquestrações do maestro italiano Ennio Morricone (para a faixa "Dear God Please Help Me"). Musicalmente, Ringleader of the Tormentors é feito das substâncias costumeiras do mito Morrissey, num registo pop quebradiço e obcecado pela auto-comiseração, conduzido por uma voz espessa e crível e pela revelação de novas cores na vida do autor. A recente mudança para Roma, a alegada descoberta do amor e o fim do tão propalado celibato do cantor reservam o seu lugar no imaginário do disco, desviando Morrissey de alguns trejeitos histriónicos (típicos nos Smiths) e trazendo-o a um discurso de indulgências terra-a-terra.
Ringleader of the Tormentors não faz uso das lâminas da denúncia e, ao invés, é o mais romântico dos trabalhos de Morrissey, uma espécie de elegia consagrada às afeições. E essa é a sua maior falha, a omissão da grandiloquência que Morrissey opõe à privação e o esquecimento da sátira social caçadora de consciências dormentes. Dos (des)amores de Ringleader of the Tormentors sobram apenas algumas composições dignas do legado de Morrissey e a constatação de que este veterano da pop se esqueceu do ensinamento precioso que Iggy Pop e David Bowie imortalizaram na canção "Lust for Life". Aí, algures, se dizia: "Something Called Love (...), that's like hypnotizing chickens". E Morrissey já sabe que há muito mais na vida do que hipnotizar galinhas.
1 comentário:
Sendo eu um incondicional dos Smiths (o nome diz tudo), custa-me dizê-lo, mas os maneirismos do senhor Morrissey começam a descambar para o risível. 'You Are The Quarry' era um bom disco, mas não assim tão bom como se disse na altura. Talvez fosse a conjuntura... O nome deste novo álbum é demasiado pomposo e a capa é atroz. Quando me lembro do bom gosto de outros tempos na escolha das capas, até dá vontade de chorar.
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