6/10
Nonesuch
Warner
2008
Reconhecido como um guitarrista do escol americano contemporâneo e um dos compositores mais inventivos da Califórnia, Ryland Cooder é também um dos mais acérrimos defensores do tradicionalismo. Nesse sentido, ele é um dos icónicos intérpretes dos sons herdados da história da música americana, mormente das heranças magnas do country poeirento e da folk envelhecida de Johnny Cash, de Pete Seeger ou de Bob Dylan. É nessa ramada genealógica que, como outros trabalhos da discografia de Cooder, se inscreve este I, Flathead (deliciosa referência travestida ao universo de Isaac Asimov...), assinado pelo alter-ego Kash Buk. Ao lado dessa identidade manifestamente "americana", o californiano deu-nos alguns belíssimos exercícios isolados de difusão da música do mundo - que, entre outros, mostraram ao mundo o indiano VM Bhatt, o cubano Manuel Galbán ou o malogrado maliano Ali Farka Touré -, então revelando ânimos exploradores que, paulatinamente, se foram alastrando às suas criações mais tradicionais. A trilogia agora encerrada com este disco, dedicada à California, é uma evidência dessas contaminações estéticas e também de um activismo sócio-político vivo, sinónimo de uma mente musical desperta para o mundo além da música. Em todo o caso, a despeito da competência do costume, I, Flathead soma pouco à extensa discografia de Cooder. Com uma ou outra excepção pontual, as canções refugiam-se tecnicamente nas zonas de conforto que o músico domina, sugerindo, ainda assim, uma viagem imaginativa (e escrita no booklet) de Kash Buk - ao som de honky tonks e boogies -, pela multiplicidade étnica e marginal da California e seus símbolos, os nipo-americanos, os nativos, os latinos e um surrealista mecânico extra-terrestre. A música não acompanha a diversidade simbólica e o exotismo da narrativa escrita, mas não deixa de contemplar momentos de sabor fino, a situar definitivamente a música de Cooder no habitat natural. E isso é, em quaisquer circunstâncias, um facto bem-vindo.
Posto de escuta Steel Guitar Heaven|Pink-O Boogie |Filipino Dancehall Girl
Nonesuch
Warner
2008
Reconhecido como um guitarrista do escol americano contemporâneo e um dos compositores mais inventivos da Califórnia, Ryland Cooder é também um dos mais acérrimos defensores do tradicionalismo. Nesse sentido, ele é um dos icónicos intérpretes dos sons herdados da história da música americana, mormente das heranças magnas do country poeirento e da folk envelhecida de Johnny Cash, de Pete Seeger ou de Bob Dylan. É nessa ramada genealógica que, como outros trabalhos da discografia de Cooder, se inscreve este I, Flathead (deliciosa referência travestida ao universo de Isaac Asimov...), assinado pelo alter-ego Kash Buk. Ao lado dessa identidade manifestamente "americana", o californiano deu-nos alguns belíssimos exercícios isolados de difusão da música do mundo - que, entre outros, mostraram ao mundo o indiano VM Bhatt, o cubano Manuel Galbán ou o malogrado maliano Ali Farka Touré -, então revelando ânimos exploradores que, paulatinamente, se foram alastrando às suas criações mais tradicionais. A trilogia agora encerrada com este disco, dedicada à California, é uma evidência dessas contaminações estéticas e também de um activismo sócio-político vivo, sinónimo de uma mente musical desperta para o mundo além da música. Em todo o caso, a despeito da competência do costume, I, Flathead soma pouco à extensa discografia de Cooder. Com uma ou outra excepção pontual, as canções refugiam-se tecnicamente nas zonas de conforto que o músico domina, sugerindo, ainda assim, uma viagem imaginativa (e escrita no booklet) de Kash Buk - ao som de honky tonks e boogies -, pela multiplicidade étnica e marginal da California e seus símbolos, os nipo-americanos, os nativos, os latinos e um surrealista mecânico extra-terrestre. A música não acompanha a diversidade simbólica e o exotismo da narrativa escrita, mas não deixa de contemplar momentos de sabor fino, a situar definitivamente a música de Cooder no habitat natural. E isso é, em quaisquer circunstâncias, um facto bem-vindo.
Posto de escuta Steel Guitar Heaven|Pink-O Boogie |Filipino Dancehall Girl
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