terça-feira, 30 de agosto de 2005

5 rapidinhas


Kent - Du & Jag Döden (7/10)
Rock melancólico oriundo da Suécia (e cantado em sueco) e que abraça o tema da morte (o título é traduzível para: Tu e Eu, Morte). A formatação pop das composições, sem lamechices, transporta uma minuciosa atracção para melodias etéreas, graças a uma produção cuidada e a arranjos de bom nível. Num registo vizinho de Muse-meets-Radiohead, o charme escandinavo das harmonias dos Kent é apelativo e faz de Du & Jag Döden uma edição curiosa e um bom motivo para aprender sueco.
(BMG, Março 2005)







Marc Leclair - Musique Pour 3 Femmes Enceintes (5/10)
Mais conhecido pelo trabalho sob a assinatura Akufen, o canadiano Marc Leclair regressa, três anos depois, com um novo trabalho de estúdio onde se mantêm os preceitos fundamentais da sua música: um timbre ambiental e electrónica, algum experimentalismo vanguardista e um toque minimalista. Neste registo, a incursão experimental é reforçada pelo recurso a tons atmosféricos, em padrões que se prolongam indefinidamente. A essa condição errante junta-se uma certa repetitividade que empurra o álbum para uma tendência monocórdica, preenchida por ruídos vogantes sem fito. O efeito relaxante é razoavelmente conseguido, ainda que à custa de menor preponderância da melodia - aqui sobrepujada pelo quase-improviso. Ainda assim, Leclair traz-nos uma ode consistente à gravidez da mulher, feita de puros pedaços electrónica vanguardista, com alguns excessos e que não desgostará os seguidores da carreira do produtor canadiano.
(Mutek, Abril 2005)







Zuco 103 - Whaa! (6/10)
Sediado na Holanda, o trio Zuco 103 (Lilian Vieira, Stefan Schmid e Stefan Kruger) faz uma mistura de bossa nova e samba com sonoridades jazz, funk e electrónica dançável. Este é o terceiro álbum da carreira do trio e parece menos "brasileiro", acolhendo embalos típicos da América Hispânica e Central. Esta derivação para a exploração de novos sons não é estranha à presença do lendário músico jamaicano Lee "Scratch" Perry que, embora remeta o som do grupo a renovadas dimensões, não acrescenta substrato suficiente para fazer deste disco uma edição muito diferente das anteriores dos Zuco 103.
(Ziriguiboom, Junho 2005)







Apparat - Silizium EP (6/10)
O berlinense Sascha Ring apresenta-se num registo polimórfico, em oscilações entre a electrónica e o recurso a instrumentos acústicos. A imprevisibilidade das composições cria no auditor uma energia de expectativas ambiciosas que se renovam a cada segundo e a originalidade marca pontos desde o início do alinhamento. Originalmente gravado numa sessão com John Peel e com a contribuição de um talentoso ensemble de cordas (chamam-se Complexácord), Silizium é uma massa sónica versátil de verdadeira música electrónica inteligente, redimensionada a uma expressão quase orquestral. As vocalizações de Raz Ohara dão uma ajuda preciosa e o registo só sai penalizado pela presença no alinhamento de quatro remixes, além de cinco originais, que não atingem o brilhantismo dos temas de Ring.
(Shitkatapult, Fevereiro 2005)







Nitin Sawhney - Philtre (6/10)
Nitin Sawhney é um dos mais respeitados e talentosos produtores e compositores do Reino Unido e está de volta com um novo trabalho. Philtre mostra o habitual cruzamento de estilos, num registo de fusão que combina as batidas electrónicas, o trip-hop e o jazz vanguardista com instantes de inspiração asiática. Escutar este álbum é percorrer transversalmente a tradição indiana, a folk Bengali, o flamenco, os blues, a soul e o R&B, aqui esmeradamente misturados num som elegante. Às vozes convidadas de Vikter Duplaix, Reena Bhardwaj (estrela das bandas sonoras Bollywood), dos Ojos de Brujo, de Fink (dos Ninja Tunes) e Jason Singh, além das colaborações habituais, unem-se as vibrações únicas das cítaras, das flautas e do piano. A vibração emocional de Philtre é garantida mas o disco não acrescenta nada de inovador ao repertório de Sawhney e algumas composições parecem meras colagens de outros álbuns do músico. Fórmula esgotada?
(V2, Maio 2005)

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1 comentário:

gonn1000 disse...

Os Kent ainda existem??? Editaram pelo menos dois álbuns cantados em inglês, mas pensei que a banda já tivesse terminado. A associação a Muse e Radiohead é de facto apropriada...