terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Stephen Malkmus & The Jicks - Wig Out at Jagbags


7,2/10
Matador, 2014

Se há coisa a encher a motivação de Stephen Malkmus para continuar a fazer música a solo, depois do papel nuclear que teve no recrudescimento de uma facção muito própria do rock alternativo, de que os seus Pavement foram porta-estandarte, é precisamente a missão de resgatar-se da falência dessa trupe e permitir a sobrevivência de uma linguagem musical em que acredita piamente. De resto, essa crença foi insistentemente colocada em cheque, senão apenas pelo crivo ácido da crítica que, em muitas circunstâncias, via nele apenas um escombro do movimento que ajudou a criar e que o tempo ultrapassou irremediavelmente, mas sobretudo pela desconfiança suscitada por um ritmo acelerado de edições, primeiro com os Silver Jews e, depois, com o colectivo The Jicks, quase sempre pautadas por uma mediania generalizada que cimentou cepticismos quanto à pertinência e actualidade da sua proposta sonora. O ónus da dúvida parece assombrá-lo e renasce a cada edição, também neste Wig Out at Jagbags, a fechar um sexteto de gravações com os The Jicks.

E, se não parece justo dizer que o filão se esgotou com os Pavement - até porque não há nenhum exercício verdadeiramente medíocre na discografia de Malkmus -, também não é menos verdade que aclamações como a rendição generalizada ao seminal Slanted & Enchanted se tornam uma miragem cada vez mais distante. E Wig Out at Jagbags confirma aquilo que cada vez mais parece um percurso copista em piloto automático, que tem refúgio em zonas de conforto inscritas na resposta agridoce que o património Pavement deu ao grunge, tudo feito com competência, é certo, mas agora sem o rasgo de outrora, a despeito de um cuidado mais acrescido com o detalhe. Não se nega que há muito cérebro e sofisticação na música de Malkmus - exactamente aquilo que sempre dividiu opiniões entre pretensiosismo ou fórmula artística - e que a mediania dele é melhor do que o auge de outros, mas mora nestas canções uma desconfortável sensação de repetição que, se não afastará adeptos incondicionais (o que não é coisa pouca), dificilmente recrutará gente nova. A questão é se Malkmus (e a fina excentricidade da sua guitarra) precisa de mais alguém. Pela confiança e honestidade que põe na sua música, dir-se-ia que ele se está a borrifar para o que dele pensam. Bem vistas as coisas, foi assim que vingaram os Pavement.

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