Pataca Discos, 2014
É um dos temas mais discutidos por melómanos, críticos e quaisquer outros seguidores do fenómeno musical: o momento definidor que deriva da edição de um segundo álbum, sobretudo quando a estreia deixou atrás de si sementes de curiosidade suficientes para, em porções iguais, germinar expectativas e exigência. A experimentar essas energias ambivalentes estão os You Can't Win, Charlie Brown. Quando há um par de anos se aventuraram a dar corpo a Chromatic, seguindo a bem sucedida peugada do EP de introdução do ano anterior, os lisboetas assumiram a incumbência de apresentar a espontaneidade de uma fórmula musical que, a despeito de revestir-se de precisão e maturidade, dava então mostras de brotar com a jovialidade própria de um produto improvisado. Era, de resto, essa a força maior da sua identidade, o natural desenvolvimento de ideias avulsas de um sexteto de talentos vários que, ao confluírem, erguiam curiosos (e muitas vezes inesperados) equilíbrios. Onde Chromatic era um exercício de intuição, Diffraction/Refraction é, com os mesmos pressupostos do primogénito, menos selvagem. A razão é uma coisa tramada, mas estes rapazes sabem domá-la e pô-la ao serviço de música que nunca poderia deixar de ser experimental. E é-o, de facto.
Pairam sobre o disco inúmeras referências, ora da folk mais comprometida no seu retiro, ora de uma qualquer espécie de rock quase épico, mas de escala paradoxalmente pequena e, como recurso incontornável, o sublinhado subliminar do psicadelismo (e a electrónica?). Sobram depois os arranjos e o trabalho de vozes, cirurgicamente certeiros e uns furos acima de Chromatic. Mérito maior: as canções são bem mais densas - e até, num ou noutro momento, se demarcam da típica estrutura verso/refrão - e, ainda assim, soam incrivelmente leves e sedutoras. É assim que Diffraction/Refraction faz soçobrar qualquer cepticismo e confirma os You Can't Win, Charlie Brown como uma dos mais estáveis bandeiras do roteiro musical luso, sobretudo depois dos argumentos que esgrimiram neste desafio do segundo álbum. A casa de sons deste inventivo sexteto é, afinal, a mesma. Só melhorou a decoração de interiores. Ou talvez seja do jogo de luzes. Difracções e refracções, lá está.
Pairam sobre o disco inúmeras referências, ora da folk mais comprometida no seu retiro, ora de uma qualquer espécie de rock quase épico, mas de escala paradoxalmente pequena e, como recurso incontornável, o sublinhado subliminar do psicadelismo (e a electrónica?). Sobram depois os arranjos e o trabalho de vozes, cirurgicamente certeiros e uns furos acima de Chromatic. Mérito maior: as canções são bem mais densas - e até, num ou noutro momento, se demarcam da típica estrutura verso/refrão - e, ainda assim, soam incrivelmente leves e sedutoras. É assim que Diffraction/Refraction faz soçobrar qualquer cepticismo e confirma os You Can't Win, Charlie Brown como uma dos mais estáveis bandeiras do roteiro musical luso, sobretudo depois dos argumentos que esgrimiram neste desafio do segundo álbum. A casa de sons deste inventivo sexteto é, afinal, a mesma. Só melhorou a decoração de interiores. Ou talvez seja do jogo de luzes. Difracções e refracções, lá está.
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