Apreciação final: 8/10
Edição: Nonstop Records, Novembro 2006
Género: Punk Funk/Electrónica
Sítio Oficial: www.spektrum.co.uk
Edição: Nonstop Records, Novembro 2006
Género: Punk Funk/Electrónica
Sítio Oficial: www.spektrum.co.uk
O surgimento dos londrinos Spektrum no universo da música dançante do Reino Unido, há dois anos, tinha-nos deixado de sobreaviso sobre o engenho do quarteto no governo da micro-electrónica. Ao segundo álbum de originais, estes quatro confirmam o que deles se esperava, trazendo-nos um disco um pouquinho mais maduro que o antecessor, mormente na sua porção instrumental, ainda minimalista mas mais resoluta a bordar justaposições com os padrões clássicos do disco sound ou com o electro-rock mais fresco. Talvez por isso, Fun at the Gymkhana Club marca tangentes com referências temporais distintas, atravessando três décadas de sonoridades dançantes e mesclando-as, com perícia, numa solução moderna. Depois, há a voz da nigeriana Lola Olafisye, já comparada a Grace Jones, voluptuosa e salgada, também ambígua nas torceduras com que deriva dos agudos glaciais ao sussurros quentes, usando, de permeio, um registo de rebeldia cativante. O pêndulo dos ritmos do quarteto é o russo (sim, estão sediados em Londres mas nenhum dos membros é inglês…) Gabriel Olegavich, homem de nome feito no grime londrino e maestro das beats do álbum. Também aí se nota uma sublimação das impressões do trabalho de debute, graças ao aprofundamento dos propósitos punk funk (que são a imagem de marca dos Spektrum) e ao acrescento de alguns códigos novos. Eles não se ficam pela mímica revivalista, gostam de baralhar o caleidoscópio rítmico do álbum, propondo-nos um som que repesca o atrevimento criativo com que as Slits apanharam desprevenida a década de 70 e, ainda mais notoriamente, a marcha controversa dos nova-iorquinos ESG, e juntando-lhe matizes modernas, algum psicadelismo e precisão técnica.
Fun at the Gymkhana Club pode ainda não ser o zénite dos Spektrum mas vem confirmar, a despeito de uma ou outra minudência deslocada, o crescimento conceptual da música do quarteto londrino. A manter-se esta tendência evolutiva e solidez, além de reforçarem o seu estatuto de objecto de culto de uma minoria (a alargar) mais atenta ao fenómeno da música de dança (entre os fãs deles estão símbolos relevantes como Richie Hawtin, Andrew Wetherall, Tom Findlay e James Murphy), os Spektrum caminharão para se tornarem figura de proa do movimento no Reino Unido. E na Europa. Já assim se prevera depois do disco de estreia, agora se confirma. Bizarrias, vocais sobrepostos, truques digitais e uma dose generosa de criatividade são as substâncias por detrás da aparente modéstia das composições. Fun at the Gymkhana Club é música de dança para degustar a vários galopes. E descobrir que o som dos Spektrum é tão puro-sangue quanto os equídeos do Club Gymkhana.
Posto de escutaAmostras do álbum
Sem comentários:
Enviar um comentário