Apreciação final: 8/10
Edição: Star Trak, Novembro 2006
Género: Gangsta Rap
Sítio Oficial: www.clipseonline.com
Edição: Star Trak, Novembro 2006
Género: Gangsta Rap
Sítio Oficial: www.clipseonline.com
Apadrinhados por Pharrell Williams, os irmãos Malice e Pusha T fazem a dupla Clipse. Foi pela mão de Pharrell (e da marca Neptunes, dividida com Chad Hugo) que deram os primeiros passos no orbe hip-hop, quando, há quatro anos, se estrearam com Lord Willin'. A proximidade com os Neptunes é coisa mantida no regresso e, desta vez, a fórmula traz vantagens acrescidas. O trabalho sintético de beats, se soava algo desconforme em alguns momentos do debute, em razão da formatação mais pop dos Neptunes, é mais preciso em Hell Hath No Fury. Com efeito, naquilo que, no antecessor, se percebia um desajuste subliminar entre a temática do disco (drogas, o que havia de ser?) e algumas das afinações instrumentais, a ponto de o discurso nem sempre se sentir cómodo na almofada, Hell Hath No Fury vence. Não se corrompeu a estima pop dos Neptunes, ela está cá, mas foi moldada com outro rigor às prelecções dos manos Thornton e, daí, sobra o sangue-frio dos textos. A aliança é tão simbiótica quanto podia ser, sublinhando as construções místicas e enleantes das melodias de suporte, algo sinistras, por vezes, e espaciais, noutros momentos. A congruência do pacto entre os Thorntons e os Neptunes é uma constante no alinhamento do disco, com generosas combinações entre os vocais, as beats e os sons sintéticos de suporte, ao jeito da magnífica "Wamp Wamp (What It Do)" (com Slim Thug). É, de resto, no acondicionamento e na produção dos jogos tonais dos trechos que reside a chave da atracção do disco, coisa que nem se perde nos ápices mais radio friendly de Hell Hath No Fury, como em "Dirty Money" ou na à la Gorillaz "Hello New World". Nada aqui soa a concessão, isto é hip-hop de verve e dissecá-lo aos pormenores é perceber um clássico atestado de números técnicos preciosos, factos para esmiuçar lentamente em audições sucessivas.
Com uma dúzia de canções, Hell Hath No Fury é uma cópia sonora das certezas de uma realidade austera, onde os heróis-vilões vendem coca a granel, ostentam a sua riqueza e, por entre balas perdidas, guardam o remorso para a mãe. As rimas são agrestes e cáusticas, moralmente corruptas, mas que importa isso quando o discurso é servido com tamanha consistência e inventividade? Pusha T e Malice não criaram este mundo, são da sua prole e não pedem desculpas. Hell Hath No Fury não é exercício redentor, é antes uma atípica confissão. E assim irregular é também a produção visionária dos Neptunes, acrescentando ao álbum o justo complemento de experimentalismo. O resultado final é um dos mais lustrosos ensaios hip-hop do ano.
2 comentários:
Disco hip hop do ano. Incrivelmente conseguiu ultrapassar o "Fishscale" do Ghostface Killah.
Sou preconceituoso ao ponto de dizer que qualquer hip hop/rap é uma tremenda bosta!
nem me dou ao trabalho de escutar!
merry
christmas
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