quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

José González - Vestiges & Claws

6,6/10
Mute, 2015

Não fossem os dois álbuns gravados em parelha com Tobias Winterkorn, sob o epíteto Junip, e já teriam passado oito anos desde o último trabalho de José González (In Our Nature). Um hiato demasiado longo, dirão alguns, sobretudo por ter-se seguido ao momento em que o cantautor sueco de ascendência argentina granjeara um invejável auge de reconhecimento da crítica, em razão da progressiva afirmação de um cancioneiro de intimismo folk e que nem sequer teve seguimento directo nas composições de Junip, mais abertas e expansivas. Todavia, essa descontinuidade  formal no percurso de González - não necessariamente uma suspensão -, acabou por não contaminar os planos essenciais da sua música. É também por isso que este Vestiges & Claws resulta mais como exercício de retoma, tão familiarmente leve e contido quanto os antecessores, do que como o impulso de reinvenção (que não tenta ser).

A zona de conforto de um artista é território perigoso, mais ainda quando se tem uma visão quase extremista do minimalismo, o campo de criação musical que é, por definição, menos elástico. Nestas circunstâncias, o risco de confundir aprimoramento de fórmulas com estagnação é um facto sempre presente. Não é que Vestiges & Claws seja um trabalho conformado, nem sequer é o mais minimalista dos discos de González, mas não evita a sensação de repetição. Está cá a voz quente do trovador sueco, está cá o dedilhado consistente da guitarra e, juntos, derivam para um silogismo provável: José González é ele mesmo, o mundo folk precisa dele como é e, portanto, todos devemos estar gratos por Vestiges & Claws. Só lhe falta um pouco de rasgo.

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