Sony Music, 2014
A massa sonora que enche a canção de abertura de Pesar o Sol suscita imediatamente a certeza da deriva psicadélica em que os Capitão Fausto encontraram embalo, em manifesta evolução da formatação imediatista de Gazela. Nesse álbum, mais do que ensaiarem qualquer especulação rock, Tomás e companhia acolhiam a cartilha convencional do que deve ser um primeiro disco, a apontar ao refrão certeiro, sob a definição precisa de uma canção sem desvios. Ainda assim, no meio desse formulismo cabiam breves assomos de devaneio provando que havia espaço para crescer e partir ao encontro da liberdade criativa destes rapazes que dificilmente atingiria a plenitude do seu potencial, se amputada desse ímpeto inconformado. Como não podia deixar de ser, depois dos atilhos de Gazela, este Pesar o Sol tinha que escancarar vias alternativas para escoar as volumosas emanações de criatividade da trupe, remetendo-as para os namoros antigos com o psicadelismo e, por inerência, premiando a ânsia expansiva que a música deles reclamava. É disso que trata este álbum, de abrir inúmeras saídas de emergência nos mesmíssismos sítios onde outrora as canções travavam a fundo, em nome de serem apenas isso mesmo, canções certinhas, com versos e refrães matematicamente ordenados.
Neste Pesar o Sol, a primazia é dada (e bem) à incerteza em que melhor se abrem os ângulos das guitarras, às escapatórias estruturais que introduzem o factor surpresa e que privam as composições das vestes de simples canção e lhes emprestam a feição de produto musical nascido da real gana. Autenticidade, portanto. Há aqui reflexos óbvios de uma musculatura firmada em palco e que trouxe ao quinteto uma consciência mais apurada da sua própria identidade e do seu lugar entre as referências estéticas, algures na maré nostálgica que, à escala global, deu ao velhinho rock psicadélico a medida de culto moderno. E o refrão orelhudo torna-se matéria secundária e prescindida em favor da irreverência instrumental, sem artíficios ou petulância. Pouca importa o destino quando a viagem deste Pesar o Sol, sob o comando do Capitão Fausto, é tão pródiga em fintar a monotonia.
Neste Pesar o Sol, a primazia é dada (e bem) à incerteza em que melhor se abrem os ângulos das guitarras, às escapatórias estruturais que introduzem o factor surpresa e que privam as composições das vestes de simples canção e lhes emprestam a feição de produto musical nascido da real gana. Autenticidade, portanto. Há aqui reflexos óbvios de uma musculatura firmada em palco e que trouxe ao quinteto uma consciência mais apurada da sua própria identidade e do seu lugar entre as referências estéticas, algures na maré nostálgica que, à escala global, deu ao velhinho rock psicadélico a medida de culto moderno. E o refrão orelhudo torna-se matéria secundária e prescindida em favor da irreverência instrumental, sem artíficios ou petulância. Pouca importa o destino quando a viagem deste Pesar o Sol, sob o comando do Capitão Fausto, é tão pródiga em fintar a monotonia.
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