Mercury Classics, 2015
Se há criador musical contemporâneo que transcende fronteiras estéticas e é capaz de expressar-se em inúmeras linguagens musicais, ele é certamente o islandês Ólafur Arnalds. Oriundo da profusa escola da electrónica moderna, de que é um dos mais prolíficos embaixadores, sobretudo em razão dos trabalhos peregrinos de exploração da programação electrónica como matéria musical, Arnalds veio a tornar-se também um autor requisitado recorrentemente pela sétima arte e pela televisão. A valia cenográfica da sua música é hoje reconhecida por todos os quadrantes musicais, tanto nas produções mais minimalistas como quando alcança escalas de maior ambição artística. Sendo um devoto admirador da música erudita, e particularmente da era romântica, não surpreende esta intenção de erguer um disco inspirado no universo de Chopin, ao lado da pianista nipo-germânica Alice Sara Ott, apaniguada da Deutsche Grammoph e também ela inscrita no neoromantismo.
Como é natural nestas coisas, The Chopin Project não escapará à desconfiança e cepticismo dos puristas, quase sempre inflexíveis no preconceito de que o património clássico da música erudita não sai a ganhar da miscigenação com a modernidade. A Arnalds e Ott a discussão pouco dirá; está feito o disco e convoca peças de Chopin, com aquele inconfundível trinado que Ott executa altivamente no piano, e as ornamenta com as envolvências de Arnalds, ora induzidas electronicamente, ora capturadas ao vivo a um quarteto de cordas. Nem sempre a intersecção acrescenta coisas úteis à matéria original (é muito discutível a conversão de "Nocturne in G minor" numa espécie de gravação de bar), mas acaba por sobressair, a dada altura, um traço musical muito interessante, entre o garbo poético de Chopin e o cunho charmoso dos ambientes de Arnalds e Ott. E, por isso mesmo, Chopin não levará a mal que lhe mexam nas partituras.
Como é natural nestas coisas, The Chopin Project não escapará à desconfiança e cepticismo dos puristas, quase sempre inflexíveis no preconceito de que o património clássico da música erudita não sai a ganhar da miscigenação com a modernidade. A Arnalds e Ott a discussão pouco dirá; está feito o disco e convoca peças de Chopin, com aquele inconfundível trinado que Ott executa altivamente no piano, e as ornamenta com as envolvências de Arnalds, ora induzidas electronicamente, ora capturadas ao vivo a um quarteto de cordas. Nem sempre a intersecção acrescenta coisas úteis à matéria original (é muito discutível a conversão de "Nocturne in G minor" numa espécie de gravação de bar), mas acaba por sobressair, a dada altura, um traço musical muito interessante, entre o garbo poético de Chopin e o cunho charmoso dos ambientes de Arnalds e Ott. E, por isso mesmo, Chopin não levará a mal que lhe mexam nas partituras.
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