segunda-feira, 7 de fevereiro de 2005

Outros sons que passaram pelo leitor de CD

Gwen Stefani - Love.Angel.Music.Baby

Apreciação final: 5/10
Edição: Novembro 2004
Género: Pop-Rock/Club-Dance



No seguimento da ascensão dos No Doubt, Gwen Stefani tornou-se uma das principais divas da pop. A audição atenta do seu primeiro registo a solo gera uma conclusão óbvia: Love.Angel.Music.Baby jamais seria gravado com os No Doubt. O trabalho é mais dançável e intencionalmente fashion, percorrendo cenários sónicos que passam pelo hip-hop, pelo rock e pelo funk. A capa deste opus define-o com propriedade: é kitsch, extravagante, luxuriante e sensual. Desenganem-se os que procuram aqui resquícios de No Doubt. Neste disco, Gwen Stefani rouba para si um quinhão do universo pop e é bem sucedida na aproximação descarada ao mainstream. Nesta viagem, leva companheiros célebres: Dr. Dre, Linda Perry, The Neptunes, entre outros. Love.Angel.Music.Baby é um entretém pop, a sugerir uma revisitação aos Foreigner e a Michael Jackson.


Snoop Dogg - Rhythm & Gangsta : The Masterpiece

Apreciação final: 6/10
Edição: Novembro 2004
Género: Hip-Hop



O californiano Snoop Dogg é hoje a principal referência da cultura hip-hop e o seu mais recente trabalho não desiludirá os fãs incondicionais do rapper. O disco aceita uma noção de risco nos limites do equilíbrio, como o artista circense que enfrenta a corda bamboleante sobre o palco. Contudo, sai-se bem no propósito da inovação, trazendo ao som de Snoop Dogg um viço não percebido antes, pela inclusão de uma suave e moderna toada jazz-funk. A metafórica abordagem misógina dos contextos líricos releva a sarcástica disposição de Snoop para incitar a controvérsia, imagem de marca que lhe granjeou um estatuto peculiar. A esse nivel, uma citação: "If she won't do what you say, why aren't you slapping her?". Suficientemente esclarecedor? E inscrever Masterpiece no título não é acto insolente? Sê-lo-à. Como sempre foi Snoop Dogg.


Sum 41 - Chuck

Apreciação final: 6/10
Edição: Outubro 2004
Género: Pop-Rock/Punk Revivalista



Ícones do rock teen, com raízes no saudosismo do punk, os canadianos Sum 41 estão diferentes. A transfiguração aproxima-os de um registo com mais peso, declaradamente menos pop. Por inverosímil que se assemelhe, os canadianos chegam a parecer-se com os System Of A Down ("We're All To Blame" não é um plágio de "Chop Suey"?) ou os Metallica ("The Bitter End" não encaixa em "St. Anger"?), com arranjos quase trash metal. A este tom não será indiferente a estada atribulada do grupo no Congo, território marcado por hostilidades militares. Chuck é o mensageiro mais pesado do património dos Sum 41; é directo e mantém a irreverência característica da banda. Certamente, a mudança aproxima os Sum 41 de outros públicos - até piscam o olho aos adeptos de Linkin Park - mas não renega o passado dos canadianos. A reconversão é demonstração de vigor, de renovação e, acima disso, de uma inspirada e inesperada viragem para produtos mais maduros. Chuck é uma aventura destemida por mares nunca dantes navegados, sem medo do Adamastor ao virar da esquina, com vistas largas para um porvir incerto. Porém, os Sum 41 ficam bem num retrato de rock mais ferroso como Chuck. Aguardam-se novos capítulos da metamorfose.


Elis - Dark Clouds In A Perfect Sky

Apreciação final: 3/10
Edição: Novembro 2004
Género: Metal Gótico



Os alemães Elis regressam com Dark Clouds In A Perfect Sky, um registo de sonoridade exuberante, com uma produção excessivamente intensa, compondo um tomo de quase-hinos metal, feitos de vocalizações em tom de lamento gótico da vocalista Sabine Duenser (as cordas vocais da cantora combinam com metal?) e estridentes interjeições solitárias de guitarra. A similitude com os Lacuna Coil é óbvia: voz feminina, romantismo negro, guitarras poderosas, arranjos de teclas caprichosos, longos solos de guitarra. Dito isto, uma pergunta se impõe: o que é que os Elis têm para oblatar que não tenha já sido feito? Por outras palavras, se espremermos este Dark Clouds In A Perfect Sky até lhe percebermos o tutano, encontramos uma ninharia de cunho próprio dos Elis, algo que se esquive do mero copy - paste das suas referências. E quando assim acontece, não pode deixar de pensar-se que o disco é uma desilusão. Ou antes, uma confirmação da justa indeferença que os Elis merecem...

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