segunda-feira, 14 de fevereiro de 2005

General Patton vs. The X-Ecutioners

Apreciação final: 7/10
Edição: Fevereiro 2005
Género: Experimental/Hip-Hop Alternativo/Samples




O frontman dos Faith No More, Fantômas ou Tomahawk está de volta. Mike Patton, agora sob o título de general, apresenta o seu mais recente trabalho, na companhia dos electrónicos X-Ecutioners. O músico californiano, a quem o epíteto militar se ajusta como luva à mão, à luz da pertinência e a prolificidade da sua obra, insiste na inovação. Com um trajecto raramente marcado por passadas em falso, Patton revisita o seu manancial inspirador, encontrando repetidamente fontes originais e delas sorvendo renovadas máximas. Esse teimoso processo de renascimento faz de Patton um dos mais inovadores e geniais músicos dos nossos tempos. Este título é o mais recente corpo de invenções.

A variedade frenética e vibração delirante das composições, algumas na forma de mini-clips, afasta este registo do conceito convencional de disco. Isso não é surpresa em Patton mas apanhará desprevenidos os menos atentos. O resto é pura frescura: samples, batidas funk, ruídos indecifráveis, vocalizações esparsas, uma míriade de influências. O condimento primaz é o cunho inconfundível de Patton, sempre desvairado mas conforme, vanguardista q.b., em cissão clara da rigidez do universo musical. Ainda assim, este trabalho é menos sinistro que outros de Patton, também menos rock e menos hostil, mas grotesco e desafiante. Aborda a guerra, expõe-na de jeito diferente de Hendrix, mas consegue o fito de prender-nos à sua beligerante atmosfera cinematográfica - até Dirty Harry, na voz de Eastwood, por aqui figura. O enigma é a denúncia condenatória dos conflitos e das armas. Não é suprema a ironia de que para esse propósito Patton tenha puxado para si o cognome de general? Contudo, não se pense que o artista reclama para si o centro do disco. Longe disso. Patton e os X-Ecutioners são instrumentos de uma causa maior, de um objecto que os suplanta, de uma soma que supera a adição das partes. E de porções é feito este todo, numa engenhosa manipulação de corta-e-cola, ataviada por instrumentalizações cómodas e discretas fonações. O desfecho é um combate perpétuo, uma contenda sem sentença mas com vencedor previsto: o ouvinte.

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