quinta-feira, 27 de janeiro de 2005

Low - The Great Destroyer

Apreciação final: 7/10
Edição: Janeiro 2005
Género: Indie Rock/Slowcore/Pop-Rock Alternativo/Lo-Fi



A que soam os Low? Em cada registo, a banda de Duluth cria uma atmosfera delicadamente tensa, a deslizar para alguma austeridade melancólica e com um murmurante sentido de dramatismo. Acima disso, os Low assumem de corpo inteiro uma identidade sónica própria, perfeitamente identificável em The Great Destroyer, o primeiro trabalho para a etiqueta Sub Pop. Não é estranho a esse pormenor o detalhe criativo das composições, insinuando uma aura quase tântrica que percorre um caminho intrincado para chegar ao fito: o meigo aconchego dos Low.

The Great Destroyer é profundamente íntimo e revolve, em retoques nocturnos, a sorumbática face da alma, expondo graciosamente as suas amarguradas avantesmas. É um disco meditabundo, no sentido mais poético do termo e resulta liminarmente belo e perturbador. Os Low estão inegavelmente diferentes, já se esperava que as coisas fossem assim depois de Trust, o charme mantém-se mas não se fez tergiversante? Em fórmula, o disco captura o espiritualismo entranhado dos Low e esprai-o nas fronteiras do rock lo-fi. Talvez menos slowcore do que no passado, os Low não perderam a essência, antes se expandiram e, no decurso da evolução, arranjaram tempinho para nos oblatar The Great Destroyer, um disco amplo, esteticamente rico, que se apresenta como uma obra rock. É-o de facto, mas não delega o propósito de anestesiar as consciências mais vivazes, incutindo-lhes o suave e comatoso éter que reside na substância dos Low. Aconselhável.

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