sexta-feira, 4 de abril de 2008

Rádio Macau - Oito

8/10
iPlay
2008



Com uma caminhada de vinte e cinco anos de música, com as irregularidades próprias da extensão e alguns períodos de hesitação pelo meio, os Rádio Macau são, hoje, uma marca estabelecida na pop nacional, não só por terem construído uma identidade sonora imediatamente reconhecível pelos melómanos mais atentos, mas sobretudo por serem autores de alguns dos trechos mais visionários (e, por inerência, iluminados) do cancioneiro luso contemporâneo. E Oito é um apurado retrato da personalidade artística da banda, demarcando-se das tendências "desviantes" e experimentalistas reveladas nos últimos trabalhos e optando pela fidelidade aos pilares que ajudaram a erguer e definir o conceito Rádio Macau. Esse "tradicionalismo" não é, contudo, sinónimo de mera reposição ou de conformismo face às coordenadas mais seguras; pelo contrário, repescando os ambientes em que se sentem mais confortáveis (e onde encontram a filigrana da sua inspiração), os Rádio Macau renovam-lhes a actualidade e respiram a confiança certa para dar azo a belas construções melódicas. O compromisso com a melodia é, de resto, transversal ao disco, com as palavras vocalizadas por Xana a poisarem delicadamente nas plácidas texturas musicais. Aí, além de sinais evidentes da estruturação madura do que deve ser uma canção pop, fazem-se notar a eloquência de arranjos delicados e a coerência estética de um alinhamento que, mesmo não estando subjacente a qualquer modelo conceptual, acaba por definir um corpo de canções bastante congruentes entre si. E, além de ter uma ou outra peça que facilmente virá a ser inscrita no escol dos Rádio Macau ("Cantiga de Amor", "Nos Sonhos Impossíveis" ou "Por Linhas Tortas"), Oito representa um oportuníssimo regresso de um dos valores inabaláveis da nossa praça.

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