quinta-feira, 14 de junho de 2007

Queens of the Stone Age - Era Vulgaris

7/10
Interscope
2007
www.qotsa.com



A conturbada deserção de Nick Oliveri, há três anos, suscitou uma miríade de dúvidas sobre as reais possibilidades dos Queens of the Stone Age escaparem incólumes a um desfalque no seu núcleo criativo. Em boa verdade, Josh Homme já nos habituou a baralhar o alinhamento do ensemble a seu bel-prazer mas, sabendo-se que a assinatura do baixista se emparelhara com a dele nos instantes mais inspirados do percurso do colectivo (R, de 2000, e o mediatíssimo Songs For the Deaf, de 2002), a saída de Oliveri nunca seria comparável à partida de um mero músico de suporte. Ainda assim, ao segundo registo de estúdio depois desse episódio, no encalço das derivações espirituais de Lullabies to Paralyze, perdidas as hipérboles de Oliveri (aparentemente sem sucedâneo à vista...), o som dos QOTSA não denuncia outros prejuízos colaterais e, acima disso, retém os agentes "clássicos" do rock arenoso do grupo (riffs crus e percussões maquinais), mesmo quando sonda espaços menos comuns ao universo Homme (a magnífica revisão da velhinha "Make It Wit Chu", peça registada numa das Desert Sessions, ou "Suture Up Your Future" são bons exemplos). Ele é um dos raros espíritos aduncos da cena musical contemporânea e patrocina, com alguns tentáculos de uma mesma identidade sonora (Queens of the Stone Age, Eagles of Death Metal, as Desert Sessions e a decana instituição dos Kyuss), um dos espólios quintessenciais do rock 'n' roll despudorado e hedonista, longe de modas, interventivo e de pulso imparável. E mesmo que Era Vulgaris não chegue ao auge de outros álbuns, está aí para demonstrar que o mais genuíno rock se escreve assim, sem apelo nem agravo. E que Josh Homme continua a ser um dos seus mais engenhosos anti-heróis.

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