sexta-feira, 14 de abril de 2006

Destroyer - Destroyer's Rubies

Apreciação final: 8/10
Edição: Merge, Fevereiro 2006
Género: Pop-Rock Alternativo
Sítio Oficial: www.mergerecords.com








O ego de Dan Bejar não se enche apenas com o êxito do ensemble The New Pornographers. A par do envolvimento nesse colectivo de celebridades das correntes mais alternativas da música canadiana, onde divide as composições com A.C. Newman, Bejar é o homem por detrás do projecto Destroyer. Com um percurso a solo paralelo ao trajecto dos Pornographers, o músico busca ambientes pop um pouco mais recatados, com enfoque especial na expressividade das canções, orientadas pelo discurso da guitarra, a acomodar o imediatismo dos poemas. O resto é pura diversão, às vezes com réstias daquela dimensão teatral que os Pornographers tão bem subscrevem, no resto do tempo com uma simplicidade desarmante e um peso emocional vincado. E ao conjugar estes ingredientes assim, Bejar recorre ao mesmo imaginário de Bowie, esse legado mágico onde o psicadelismo subliminar alimenta a letra e agarra a música pela mão. Canções com substância, entenda-se. Ao mesmo tempo, as convenções são postas de parte; Bejar prefere assumir uma certa esquizofrenia criativa, algo patente no jeito com que molda as suas canções fazendo uso dos paradigmas da folk e integrando-os com propriedade nas matrizes do rock lo fi. O desfecho é um pouco labiríntico, roçando os limites do (des)entendimento, mas sobeja a inspiração de uma escrita propositadamente densa.

Destroyer's Rubies é uma massa sonora rica de conteúdo. Isso não surpreende em Bejar. Da mesma forma, não é novo que o disco revele uma certa predilecção pela metáfora. Ou pela repetição. Mas com Bejar nem a aliteração é irritante, mesmo quando se encaminha pelo aparente facilitismo dos la la la la las (e há muitos!). É por isso que dele se escreve que está numa encruzilhada pop-folk-qualquer-coisa, entre os lugares despovoados de Dylan, as pradarias coloridas de uns Beatles ou as alucinações espalhafatosas de Bowie. O amparo é ilustre, Bejar aceita-o mas não se resume a isso. É precisamente o pedacinho que ele acrescenta que faz deste Destroyer's Rubies o melhor produto do seu percurso a solo e, em simultâneo, um dos momentos pop mais inspiradores deste ano.

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