quinta-feira, 16 de março de 2006

Man Man - Six Demon Bag

Apreciação final: 8/10
Edição: Ace Fu, Fevereiro 2006
Género: Experimental/Fusão/Rock Psicadélico
Sítio Oficial: www.wearemanman.com








Se houvesse uma trupe dos inventores musicais mais originais, certamente Honus Honus lá teria um lugar cativo. Ele é o núcleo criativo do peculiar quinteto Man Man, um dos mais bizarros ensembles do panorama presente da música americana. Fixar estremas para um cunho musical tão impressivo e sem juízo é tomar-lhe apenas uma parte. Os vestígios de Tom Waits (especialmente da fase Swordfishtrombones (1983)) ou Captain Beefheart disfarçam-se de regulamento interno do grupo e são o esteio perversor das regras da ciência musical. Para os Man Man, cada trecho de música é uma espécie de fanfarra, o palco é um circo insano onde a charanga dá largas a fantasias desmedidas. Eles são assim mesmo: uma psicadélica arma de destruição maciça, uma orquestra digna da Babilónia, sem régua e esquadro, com pianos, percussões, sopros e objectos impróprios. A isso acresce uma pitada de vangardismo, não muito comedido, diga-se, e uma dose imoderada de doidice. E como para se ser um grande maluco ainda não se paga imposto, Honus e os seus pares desligam-se da realidade, pegam nos instrumentos e empenham-se bem em mostrar-nos que sabem de cor como se faz música sem pátria, sem família e sem tempo. Afinal, Six Demon Bag consegue confundir (é um elogio!) o pop extrovertido, o rock espampanante, as marchas klezmer, o tribalismo, a valsa, a balada cigana, os coros de pirata e todo o tipo de surpresas e reviravoltas mais inesperadas. Hinos de insanidade.

No meio de tanta excentricidade (é outro elogio!), com títulos das músicas tão pitorescos quanto "Young Einstein on the Beach" ou "Banana Ghost" e cartões de visita dos músicos tão estranhos no sítio oficial (www.wearemanman.com), nunca se esperaria música convencional. Six Demon Bag está nos antípodas disso. E se não está nos cumes da originalidade - porque já se fizeram coisas parecidas - tem ao menos o caprichoso deslumbramento de tirar o véu a um mandamento insofismável da música. Aqui, como noutras etapas da história, o génio anda de mãos dadas com o louco. E, se isso não bastasse, ainda desata o saco onde tinha guardado os seus demónios. Ao que consta, uma meia dúzia deles.

1 comentário:

Anónimo disse...

Demais!!!