segunda-feira, 13 de março de 2006

Cindy Kat - Vol. 1

Apreciação final: 6/10
Edição: Universal, Fevereiro 2006
Género: Pop/Electro-Pop
Sítio Oficial: www.cindykat.com








Consta que esteve para se chamar Admirável Mundo Novo mas foi prosaicamente baptizado de Vol. 1. É o trabalho de estreia dos Cindy Kat, novo projecto dos ex-Sétima Legião Pedro Oliveira e Paulo Abelho, na companhia de João Eleutério. A herança da Legião é um recurso assíduo deste projecto nacional, mormente nas faixas cantadas por Oliveira que, a despeito de puxarem ambientes com mais tiques electrónicos, encaixariam bem no catálogo do antigo grupo de Oliveira e Abelho. Esse pacto com a electrónica traz às composições uma modernidade estética que marca pontos, retorcendo com perícia os princípios que tão deliciosamente ajudaram a estabelecer a Legião. Como seria de esperar destes intérpretes, o disco é um feixe oportuno de canções, ainda que exorbite algumas ideias e, por força disso, derive perigosamente para a desconexão. Eclectismo não é sinónimo de amálgama. Talvez porque, sem o assumir, o álbum tente dispôr do testamento da Legião e, ao mesmo tempo, pôr o pé em todos os "novos" terrenos da pop mais electrónica, se baralhem conceitos que, em último caso, redundam em claro prejuízo para a coesão do álbum. É por isso que, ao invés de um admirável mundo novo, o tomo desenha dois universos alternativos: um deles, claramente contíguo das referências musicais que nortearam estes músicos no passado (serve como um fantasma da Sétima Legião) e, um outro planeta sonoro, demarcado do primeiro pela frescura e aproximação a outros propósitos, do qual faz parte a preciosa colaboração de JP Simões (Belle Chase Hotel, Quinteto Tati), a versatilidade de Sam e o serviço mínimo de Pedro Abrunhosa e Gomo.

Vol. 1 não é um álbum revolucionário, não vai mudar o mundo nem sequer o panorama da pop nacional e, por ter sido aguardado com expectativas proporcionais à relevância da Sétima Legião para a música lusa, não escapa à sentença de se esperar um pouco mais de músicos deste calibre. Ainda assim, é cumprido a preceito o fito de recuperar o imaginário da Legião, mesmo que misturado com coisas que pouco lhe dizem respeito. Para ouvir Vol. 1 sem fundir sabores, resta usar o mesmo critério de quem elege a porção que mais aprecia de uma pizza quatro estações. Aqui, a coisa até é mais simples, só há dois gostos, cada um com a sua órbita: Sétima Legião ressuscitados ou um híbrido electro-pop que, à falta de melhor definição, se conveio chamar de Cindy Kat.

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