sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Moderat - II


6,4/10
Mute, 2013

É pouco provável falar-se da música europeia e passar ao lado da cena berlinense, vista por muitos, hoje, como o epicentro da electrónica no velho continente, tenha ela a forma que tiver. Não se trata apenas do peso histórico associado a esse rótulo, mas sobretudo da efervescência nocturna que se tornou sinal identitário da metrópole, um verdadeiro berço de ideias que inspiram gerações atrás de gerações e criaram fileiras de discípulos que parecem não ter fim. Foi dessa prole que emergiram os dois projectos aqui aglutinados num só: Modeselektor (o laboratório sonoro de Gernot Bronsert e Sebastian Szary) e Apparat (o codename de Sascha Ring). A primeira convergência de universos sonoros do trio aconteceu em 2002, na ocasião no EP Auf Kosten der Gesundheit, cunhado pela BPitch Control, de Ellen Allien, também ela berlinense de gema, mas parecia votado ao esquecimento, alegadamente em razão de divergências artísticas que inviabilizaram a continuidade imediata do projecto. Foi só sete anos mais tarde, então no formato inteiro (álbum), que voltaram a reunir-se, já seguros de que o crescimento artístico de ambos os projectos, e o consequente maior impacto mediático, viriam a proporcionar um reaparecimento mais congruente. Chegado agora ao segundo registo, o trio Moderat tem vida própria e cresceu além da soma das partes e, como os integrantes afirmam, não é um mero capricho paralelo.

As linhas criativas deste II não diferem substancialmente do seu antecessor, pelo que, a despeito do fino recorte dos trechos, não chega a desvelar-se nada de substancialmente original. Mantêm-se a tangência com a estruturação pop que muitos amaram (e outros adiaram) no primeiro capítulo, um namoro light com o dubstep londrino e diversas colorações electrónicas, também os inputs das partes: a festividade abrasiva dos Modeselektor e a abstracção solitária de Apparat. O cruzamento desses contributos é mais friendly do que antes, o que, mesmo com alguns momentos de resultado inesperadamente interessante, é um sinal de que o novo Moderat é mais um recreio de concessões pop do que o saudável laboratório de fúrias que o antecedeu.

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