quarta-feira, 7 de dezembro de 2005

Dionysos - Monsters in Love

Apreciação final: 7/10
Edição: Tréma/Universal, Setembro 2005
Género: Pop-Rock Alternativo
Sítio Oficial: www.dionyweb.com








Os Dionysos acreditam que as venturas dos amores não estão vedadas aos monstros. A sétima arte corrobora com exemplos: Lugosi e Oldman emprestaram o olhar vítreo ao enamoramento de Drácula, Karloff e De Niro deram o amor à criatura de Frankenstein, o colossal King Kong derrete-se por loiras...Este é o mote fantasioso do quinto longa-duração deste quinteto francês. Repescando figuras de contos de terror ou fundando novas criaturas, o vocalista e mentor do grupo, Matthias Malzieu, constrói uma autêntica galeria de aberrações, versando sobre os vestígios de humanidade dissimulados no rosto de um monstro. Esta faceta indulgente é a premissa de uma hora de puro entretenimento, a fazer lembrar os filmes de Tim Burton ou os livros de Lewis Carroll. Musicalmente, a proposta convoca uma pletora de estilos (e instrumentos), desde o rock folclórico de "Giant Jack", o trinado de "Le retour de Bloody Betty" e a pujança saloon de "Lips Story in a Chocolate River", à quietude melancólica de "Métamorphose de Mister Chat" (num crescendo que começa por lembrar a chanson française e encerra com o traço moderno dos The Strokes) ou de "Missacacia", a puerilidade cativante da melodia da excelente "L'Homme qui pondait des oeufs", o envolvimento das cordas de "Broken Bird", a sedução instrumental do par guitarra/violino de "I Love Liou" ou a revigorante "Old Child". Para apimentar o embrulho, os rapazes até incluíram, escondida no alinhamento, uma reprise humorada de "I Did Acid With Caroline", de Daniel Johnston.

A despeito de não oferecer substâncias novas e de conter momentos menos felizes, Monster in Love é o disco mais melódico dos Dionysos e cobre uma paleta de géneros tão variada quanto uma salada chinesa. Depois, a comicidade absurda das palavras e o surrealismo das histórias reforçam a peculiaridade de composições que, não sendo originais nos conceitos e nas matrizes, têm a aptidão de despertar as várias gamas de sensações auditivas do ouvinte, ao mesmo tempo. Entretenimento castiço. Ironicamente, ou talvez não, para um álbum sobre monstros e os seus amores e desamores, a única coisa que este disco não consegue é suscitar medo. Como podemos não simpatizar com as alegorias de Giant Jack, Mister Chat, Bloody Betty ou Giant John e o seu sanglophone?


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