segunda-feira, 24 de março de 2008

The Vicious Five - Sounds Like Trouble

7/10
Edição de autor
Lisboagência
2008



Depois de um início de percurso algo titubeante - dir-se-ia que próprio de quem sorvia com alguma desordem as coordenadas da cartilha punk de predilecção - os The Vicious Five apresentam, ao terceiro disco, uma incontornável maturação de princípios. Desde os primeiros acordes de Sounds Like Trouble se percebe que, sem prejuízo da sua visceralidade intrínseca, o rock destes intrépidos lisboetas desvenda amplitudes diferentes, não só por se pautar por uma estruturação distante da urgência rudimentar do punk, mas sobretudo por arriscar as medidas do rock de massas, necessariamente musculado e com um pendor melódico ligeiramente mais angular. Para o estádio. Isso não quer dizer que a trupe de Joaquim Albergaria faça concessões a qualquer facilitismo; será, antes, evidência do natural crescimento da banda, da consequente depuração do processo criativo, da dispensa de impurezas e, no final, de uma crueza diferente. Até a voz de Albergaria aceitou esse crivo de amadurecimento e, no lugar do desenfreado brado de outrora, surge agora um registo igualmente intenso mas mais seguro e consistente, como quem percebeu que para ser insurgente não tem que se berrar por dá cá aquela palha. E não é por isso que Sounds Like Trouble deixa de ser um frenético (e suado) porta-voz de uma geração desencantada consigo mesma, mas com o sarcástico alento para fazer disso uma festa a resvalar para a imoderação. Com um sorriso de escárnio, o convite fica feito. Requisito único: saltar até moer o esqueleto...

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