segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Macacos do Chinês - Plutão (EP)




Eles estão sediados na Amadora, tendo despontado na parte final do ano transacto com algumas actuações ao vivo muito meritórias (ficou célebre a presença no Super-Mercado II, série de concertos no Santiago Alquimista, em Lisboa, ou a presença no Atlantic Waves, organizado pela Fundação Calouste Gulbenkian no Cargo, de Londres, em Novembro), então chamando a atenção para uma fórmula sonora pouco comum entre portas na pátria lusa e que esquadrinha habilmente algumas das coordenadas do grime londrino. Nesse domínio, além de marcarem distâncias para o habitual "conformismo" de muitos dos projectos nascidos das cartilhas hip-hop cá no burgo, Miguel Pité (assina como Skillaz), André Pinheiro, Pedro Silva, (Apache), Alexandre Talhinhas (Al:x - conhecemo-lo dos Cooltrain Crew) e Tiago Morna propõem um interessantíssimo híbrido de sons, pleno de expressividade urbana e conjugando inúmeras nuances técnicas. Assim, neste EP de apresentação, com apenas três temas, sobressai a ponderação com que as palavras se apõem sobre as texturas rítmicas, quase sempre dominadas (como não podia deixar de ser) pela cadência de beats robustas e precisos condimentos cénicos. O resultado é uma fresca fusão (onde até cabe, em "Inspiração", um curioso sample de Tchaikovsky), vem embalado para o mediatismo pela imparável afirmação e trabalho desbastador de consciências de gente como os (agora consagrados) Buraka Som Sistema, e que deixa sólidas pistas para uma afirmação mais completa, em álbum a editar brevemente. E este som genuinamente mestiço - que a própria banda chistosamente apelida de "cozinhado no meio de um caldo Knorr, sabor a cachupa com cozido à portuguesa e caril" - promete conquistar muitos tímpanos. Iguarias destas e tão bem aprontadas, ainda por cima com um nome de poda fina como Macacos do Chinês, não aparecem em qualquer menu. Deguste-se Plutão, pois então...

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