quarta-feira, 8 de fevereiro de 2006

Sparks - Hello Young Lovers

Apreciação final: 7/10
Edição: Gut/Edel, Fevereiro 2006
Género: Pop Erudita/Opera Rock/New Wave
Sítio Oficial: www.allsparks.com








Excêntrico. No dicionário da língua portuguesa, o adjectivo significa fora do centro, com centro diferente, extravagante, original, esquisito, caprichoso. Qualquer um desses sinónimos é atributo da música que os irmãos Mael (Ron e Russell) fazem há cerca de três décadas e meia, conservando as alegorias que fizeram deles um dos mais inventivos conceitos musicais do universo marginal do rock. E os Sparks orgulham-se dessa marginalização, ou não fosse ela decretada pelas suas composições, declaradamente desafiadoras da irrefutabilidade das regras e assumidamente provocadoras. A estratégia está montada: compôr uma bizarra amálgama de sons, sem relação com coisa alguma, com teclas liderantes e cordas assertivas, flutuações rítmicas em esquemas de altos e baixos, um corpo instrumental perto das estruturas clássicas da música de câmara, construções vocais com o peso dramático de uma ópera-rock. O repto ao ouvinte repete os mesmos extremos que haviam sido elogiados no esplêndido Lil' Beethoven e, quatro anos volvidos, não estão ainda esgotadas as sombras desse disco. Ao escutá-lo, apossa-se do intelecto uma leve desilusão por perceber que Hello Young Lovers falha dois tiros tentados: nem é o álbum de continuidade possível nem propõe planos não estreados antes. É, antes, um disco de replays do antecessor e limita-se a repescar equações de Lil' Beethoven. E deixá-las em piloto automático.

Hello Young Lovers não é um disco nocivo. Longe disso. O seu defeito maior é ser a sequela de uma obra magna e, por isso, ficar ofuscado por um fulgor que dificilmente alcançaria. Para quem é habitué em cortes radicais com o convencionalismo que elevam as fasquias da exigência a níveis imensos, os Sparks ficam aquém de si mesmos. Ainda assim, há aqui peças com dons indesmentiveis, como a vaidosa "Metaphors", a sóbria "Waterproof", a imaginativa "There's No Such Thing As Aliens" ou a efusiva e irónica "(Baby Baby) Can I Invade Your Country?". Com mais momentos assim, Hello Young Lovers teria sido uma rapsódia em paridade com os instantes mais inspirados da discografia dos Sparks.

Posto de escutaCravo e Canela(Baby Baby) Can I Invade Your Country?
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