sábado, 30 de dezembro de 2006

Balanço do ano

Mais um ano se finda, mais uma temporada de balanços se infiltra nas mentes melómanas aficionadas destas coisas de alinhavar listas dos melhores produtos discográficos dos últimos trezentos e sessenta e cinco dias. Conclusão necessariamente subjectiva e redutora, a escolha é uma mera indicação, a pista que deve servir de luminária para rever ou descobrir alguns dos factos mais meritórios do ano que agora termina, guardando-se a ressalva de que as coisas não se fecham aqui e que, inevitavelmente, outros discos mereceriam menções e encómios. Feita a emenda, deitemos olhos (e ouvidos) ao que de melhor se revelou na música de 2006.

Como sempre, o mercado norte-americano esteve particularmente dinâmico, merecendo nota de destaque o regresso (e o crescimento artístico) da sensação Joanna Newsom, novo símbolo da freak folk que, refinando conceitos em favor de composições com um corpo orquestral mais sólido, se afirma definitivamente como um dos símbolos das novas vagas da música americana. Se Newsom nos trouxe um pedaço do paraíso, houve quem nos mostrasse o assombro mágico da abstracção. Scott Walker, figura enigmática dos cancioneiros de vanguarda, presenteou-nos com uma obra de proporção majestosa, mais um capítulo na empenhada reconstrução de formatos que o músico vem ensaiando desde Tilt (1995). Também nos E.U.A., o projecto Man Man, bizarro ensemble liderado por Honus Honus, mostrou-nos as várias caras do experimentalismo, nos antípodas da música convencional, com um disco excêntrico e da mais pura genialidade. A mesma fonte de inspiração iluminou os Liars e a sua (re)visão artística sobre os paradigmas da pop; com o terceiro álbum, o mais conceptual do seu percurso, eles somaram três instantes incontornáveis da música contemporânea. Ainda por terras do tio Sam, uma palavra para outras edições com méritos firmes. O duo rap Clipse que, com produção da sigla Neptunes (Pharrell não dorme), fez com Hell Hath No Fury um dos ápices do ano. Numa linha diferente, mas com algum alento rap, Doseone e os seus Subtle ofereceram-nos um tomo ecléctico e que fez as delícias dos adeptos do experimentalismo ao serviço de várias escolas, do rock à electrónica progressiva. Nos sons com mais peso, os Mastodon confirmaram o que deles se esperava, dando novo fôlego ao metal progressivo, e os Comets on Fire não deixaram os créditos em mãos alheias. Distorções num, psicadelismo no outro, dois álbuns a escutar de tímpano alerta. A surpresa inesperada do ano foi a revelação do jovem Zach Condon e do conceito Beirut. Sons do mundo mascarados de folk americana, numa colecção de cores pouco comum e que merece a pena destapar lentamente. E Tom Waits andou por aí.

Um pouco mais a norte, no Canadá, os Sunset Rubdown (de Spencer Krug, dos Wolf Parade) construíram uma preciosidade súbtil, um delírio barroco para animar a malta pop. Entretida a caterva pop, coube aos conterrâneos Junior Boys puxar para as pistas de dança as heranças do synth pop dos 80's. Porque a nostalgia também pode ser moderna. E Tiga estava ali ao lado.

Do outro lado do Atlântico, ganhou tamanho o fenómeno dubstep. Da clandestinidade londrina, saltaram duas obras incontornáveis para curiosos de um som mecânico e inquietante. Burial, primeiro, e Kode9, depois (com mais brilhantismo), abriram-nos o pórtico para um futuro incerto, resignado à depressão urbana mas com força para fantasiar veredas inauditas de uma electrónica fracturada, sem tempo e espaço e que, por isso mesmo, define paradigmas novos, sem amarras. Também na Europa, embora num registo díspar, a cena berlinense fez-se representar na electrónica borbulhante do trabalho conjunto de Ellen Allien com o projecto Apparat. Contestação IDM com um rasgo de sensualidade. Da Escandinávia, chegou-nos o grito silencioso da máquina electrónica dos The Knife, também ela um cicerone de um porvir pejado de corantes electrónicos. Ainda na órbita sintética, Thom Yorke, vocalista dos Radiohead, divertiu-se com os sintetizadores e abriu espaço para especulações sobre as ideias vindouras da sua banda. No capítulo das revelações, também Londres nos trouxe uma iguaria inesperada. Chamam-se Guillemots, são um quarteto multinacional e fizeram um tomo de pop idealista. Coisa para ouvir e esperar por confirmações.

Cá no burgo, de tudo um pouco. Do esperado regresso de Sérgio Godinho (em ano de retorno de Bob Dylan, Bert Jansch ou Chico Buarque), da Brigada Victor Jara e dos Dazkarieh, à confirmação dos talentos dos Dead Combo ou de Paulo Furtado (The Legendary Tiger Man), o ano esteve activo. Um novo trabalho de Carlos Bica é sempre um acontecimento, Sassetti e Laginha não estiveram parados, os Gaiteiros de Lisboa juntaram mais um capítulo precioso ao cancioneiro nacional e Sam the Kid escreveu o melhor que o hip hop português já escutou. Entre confirmações e revelações, saltam os nomes do organista Samuel Jerónimo, dos Linda Martini, de Nuno Prata, de Armando Teixeira (Balla), dos matosinhenses Stowaways, dos vanguardistas Sei Miguel e Rafael Toral.

Assim se fez música em 2006.

Internacional

1. Kode9 + The Spaceape, Memories of the Future
2. Joanna Newsom, Ys
3. Scott Walker, The Drift
4. Clipse, Hell Hath No Fury
5. Man Man, Six Demon Bag
6. Danielson, Ships
7. The Knife, Silent Shout
8. Subtle, For Hero: For Fool
9. Mastodon, Blood Mountain
10. Liars, Drum's Not Dead



Nacional

1. Stowaways, Huntclub
2. Gaiteiros de Lisboa, Sátiro
3. Dead Combo, Quando a Alma Não é Pequena, Vol. II
4. Bernardo Sassetti, Unreal: Sidewalk Cartoon
5. Sei Miguel, The Tone Gardens
6. Balla, A Grande Mentira
7. Mário Laginha, Canções e Fugas
8. The Legendary Tiger Man, Masquerade
9. Sérgio Godinho, Ligação Directa
10. Carlos Bica & Azul, Believer


Veja a lista completa dos 30+ clicando aqui.

terça-feira, 26 de dezembro de 2006

Novidades em breve

Após o hiato de alguns dias sem notícias, ora por obra e graça da azáfama da quadra festiva, ora por imposição de outras obrigações profissionais, o apARTES voltará a ter novidades muito em breve. O balanço do ano discográfico está aí à porta e será publicado nos próximos dias. Além disso, assim o tempo o permita, o blog será alvo de uma remodelação gráfica a curto prazo, de forma a que se torne mais ágil e fácil de consultar pelos utilizadores do costume.

Aguardem por novidades em breve.
A todos, deixam-se os votos de continuação de uma quadra festiva feliz.
Obrigado.

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Clipse - Hell Hath No Fury

Apreciação final: 8/10
Edição: Star Trak, Novembro 2006
Género: Gangsta Rap
Sítio Oficial: www.clipseonline.com








Apadrinhados por Pharrell Williams, os irmãos Malice e Pusha T fazem a dupla Clipse. Foi pela mão de Pharrell (e da marca Neptunes, dividida com Chad Hugo) que deram os primeiros passos no orbe hip-hop, quando, há quatro anos, se estrearam com Lord Willin'. A proximidade com os Neptunes é coisa mantida no regresso e, desta vez, a fórmula traz vantagens acrescidas. O trabalho sintético de beats, se soava algo desconforme em alguns momentos do debute, em razão da formatação mais pop dos Neptunes, é mais preciso em Hell Hath No Fury. Com efeito, naquilo que, no antecessor, se percebia um desajuste subliminar entre a temática do disco (drogas, o que havia de ser?) e algumas das afinações instrumentais, a ponto de o discurso nem sempre se sentir cómodo na almofada, Hell Hath No Fury vence. Não se corrompeu a estima pop dos Neptunes, ela está cá, mas foi moldada com outro rigor às prelecções dos manos Thornton e, daí, sobra o sangue-frio dos textos. A aliança é tão simbiótica quanto podia ser, sublinhando as construções místicas e enleantes das melodias de suporte, algo sinistras, por vezes, e espaciais, noutros momentos. A congruência do pacto entre os Thorntons e os Neptunes é uma constante no alinhamento do disco, com generosas combinações entre os vocais, as beats e os sons sintéticos de suporte, ao jeito da magnífica "Wamp Wamp (What It Do)" (com Slim Thug). É, de resto, no acondicionamento e na produção dos jogos tonais dos trechos que reside a chave da atracção do disco, coisa que nem se perde nos ápices mais radio friendly de Hell Hath No Fury, como em "Dirty Money" ou na à la Gorillaz "Hello New World". Nada aqui soa a concessão, isto é hip-hop de verve e dissecá-lo aos pormenores é perceber um clássico atestado de números técnicos preciosos, factos para esmiuçar lentamente em audições sucessivas.

Com uma dúzia de canções, Hell Hath No Fury é uma cópia sonora das certezas de uma realidade austera, onde os heróis-vilões vendem coca a granel, ostentam a sua riqueza e, por entre balas perdidas, guardam o remorso para a mãe. As rimas são agrestes e cáusticas, moralmente corruptas, mas que importa isso quando o discurso é servido com tamanha consistência e inventividade? Pusha T e Malice não criaram este mundo, são da sua prole e não pedem desculpas. Hell Hath No Fury não é exercício redentor, é antes uma atípica confissão. E assim irregular é também a produção visionária dos Neptunes, acrescentando ao álbum o justo complemento de experimentalismo. O resultado final é um dos mais lustrosos ensaios hip-hop do ano.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

Spektrum - Fun at the Gymkhana Club

Apreciação final: 8/10
Edição: Nonstop Records, Novembro 2006
Género: Punk Funk/Electrónica
Sítio Oficial: www.spektrum.co.uk








O surgimento dos londrinos Spektrum no universo da música dançante do Reino Unido, há dois anos, tinha-nos deixado de sobreaviso sobre o engenho do quarteto no governo da micro-electrónica. Ao segundo álbum de originais, estes quatro confirmam o que deles se esperava, trazendo-nos um disco um pouquinho mais maduro que o antecessor, mormente na sua porção instrumental, ainda minimalista mas mais resoluta a bordar justaposições com os padrões clássicos do disco sound ou com o electro-rock mais fresco. Talvez por isso, Fun at the Gymkhana Club marca tangentes com referências temporais distintas, atravessando três décadas de sonoridades dançantes e mesclando-as, com perícia, numa solução moderna. Depois, há a voz da nigeriana Lola Olafisye, já comparada a Grace Jones, voluptuosa e salgada, também ambígua nas torceduras com que deriva dos agudos glaciais ao sussurros quentes, usando, de permeio, um registo de rebeldia cativante. O pêndulo dos ritmos do quarteto é o russo (sim, estão sediados em Londres mas nenhum dos membros é inglês…) Gabriel Olegavich, homem de nome feito no grime londrino e maestro das beats do álbum. Também aí se nota uma sublimação das impressões do trabalho de debute, graças ao aprofundamento dos propósitos punk funk (que são a imagem de marca dos Spektrum) e ao acrescento de alguns códigos novos. Eles não se ficam pela mímica revivalista, gostam de baralhar o caleidoscópio rítmico do álbum, propondo-nos um som que repesca o atrevimento criativo com que as Slits apanharam desprevenida a década de 70 e, ainda mais notoriamente, a marcha controversa dos nova-iorquinos ESG, e juntando-lhe matizes modernas, algum psicadelismo e precisão técnica.

Fun at the Gymkhana Club pode ainda não ser o zénite dos Spektrum mas vem confirmar, a despeito de uma ou outra minudência deslocada, o crescimento conceptual da música do quarteto londrino. A manter-se esta tendência evolutiva e solidez, além de reforçarem o seu estatuto de objecto de culto de uma minoria (a alargar) mais atenta ao fenómeno da música de dança (entre os fãs deles estão símbolos relevantes como Richie Hawtin, Andrew Wetherall, Tom Findlay e James Murphy), os Spektrum caminharão para se tornarem figura de proa do movimento no Reino Unido. E na Europa. Já assim se prevera depois do disco de estreia, agora se confirma. Bizarrias, vocais sobrepostos, truques digitais e uma dose generosa de criatividade são as substâncias por detrás da aparente modéstia das composições. Fun at the Gymkhana Club é música de dança para degustar a vários galopes. E descobrir que o som dos Spektrum é tão puro-sangue quanto os equídeos do Club Gymkhana.

Posto de escutaAmostras do álbum

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

Stowaways - Huntclub

Apreciação final: 8/10
Edição: Transformadores, Outubro 2006
Género: Pop Alternativa
Sítio Oficial: www.myspace.com/stowawayshuntclub








O split CD que os Stowaways lançaram, há três anos, com os Alla Polacca tinha sido um aperiente capaz de excitar a curiosidade dos melómanos pela sua música. Os matosinhenses vinham de vencer o festival Termómetro Unplugged (2001) e arriscavam os primeiros passos nas lides discográficas, com composições invulgarmente sólidas para um ensemble debutante, passando de través os diversos idiomas da folk-pop, num registo ambivalente a ponto de soar anacrónico (mormente na porção instrumental dos trechos) e moderno, em simultâneo. Coisa rara essa, de cruzar com propriedade sensações oriundas de intervalos temporais diversos e, com isso, combinar uma arquitectura de sons indiferente às fatalidades do calendário. Assim prometiam os Stowaways, assim se revalidam no primeiro longa duração. Huntclub retém essa delícia retro, coisa imediatamente audível nos primeiros acordes da faixa instrumental que abre o disco e que se estende às dezasseis canções do alinhamento. Daí em diante, nada menos do que um recatado passeio de recreio por um bizarro orbe de influências, desde sons que nos trazem o irónico imaginário de uma fita de Fellini (como se diz, e bem, no press release), de ruas antigas e escuras, ou mesmo dos fumos de cabaret da Paris de antanho, aos tons do realejo de um tocador de rua, a musicar as pantomimas de um pequeno símio, ou a toada sonora que dá a cadência a um malabarista de circo. A essa panóplia de imagens sobrepostas, juntam-se embalos do outro lado do atlântico, bossas novas e mariachis, também a musette dos acordeões franceses, o teatralismo das comédias vaudeville e algumas gotas de piano jazz. A arrumação é feita pelos vocais certíssimos de Nuno Sousa (quando as faixas não são instrumentais) e pela precisão acústica dos arranjos e da produção.

Huntclub é um trabalho maduro de uma banda que é, cada vez mais, um caso sério da nova música lusa. Se o tal split com os Alla Polacca nos tinha deixado em pulgas por um seguimento, agora que ele chegou, percebemos que a expectativa não foi em vão. Escorreito como poucas edições deste ano, Huntclub comprova o crescimento dos Stowaways, firmes na fidelidade (eles dizem-se casmurros...) a uma estética condimentada por sons de várias latitudes e que, raramente com esta consistência, se escuta cá no burgo. Quando instada a classificar-se a si mesma e o seu som, a banda recorre, entre outras expressões, ao epíteto de "marialvas deprimidos/oprimidos em valsas para crocodilos e marchas para pés-de-chumbo". Quanto ao pé pesado, talvez Huntclub não opere milagres. Mas, seguramente, ao escutar estes sons, nem o réptil anfíbio chorará, nem os marialvas se arruinarão na sua depressão.

Posto de escutaMySpace

terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Subtle - For Hero: For Fool

Apreciação final: 8/10
Edição: Astralwerks, Outubro 2006
Género: Experimental Rap/Underground
Sítio Oficial: www.subtle6.com








Essencialmente reconhecido, desde as primeiras audições, como um produto híbrido, importa recuar às origens de For Hero: For Fool para perceber de que é feita a nascente de criatividade do projecto Subtle. Os mentores são os americanos Adam Drucker e Jeffrey Logan, citados no universo artístico como Doseone e Jel, respectivamente, aqui num convívio criativo com Dax Pierson (recentemente imobilizado por um acidente de viação e ajudante do par nos Themselves e nos 13&God, ensemble conjunto com os germânicos Notwist) e outros três compinchas (o violoncelista Alexander Kort, o multi-instrumentista Marty Dowers e o percussionista/guitarrista Jordan Dalrymple). Dos dois primeiros, além de trajectos individuais algo descontínuos, conhecem-se os conceitos Anticon e Themselves e a afinidade com os seminais cLOUDDEAD (Drucker), corolário incontornável da cena underground rap. São estas coordenadas que situam os horizontes de For Hero: For Fool, com o rap a servir de medidor de azimutes, mas sempre disposto a intersecções com outras escolas, guardando virtudes de todas. É assim que se constrói um disco de eclectismo raro, com uma alma genuinamente indie e uma roupagem densa. Coeso e com critério formal na mescla de estilos, o álbum agarra, numa penada, a substância de um hip-hop de medidas largas, festivo e enérgico, e dá-lhe cor com as matizes de um electro-rock de passo mexido, roçando um sentido de urgência que apenas não se sente quando, sem deslizar para o cliché, os trechos tocam o refrãozinho pop. Além do soberbo contexto instrumental dos trechos, sobra a pirotecnia das cordas vocais de Doseone; umas vezes, conforme os cânones hip-hop mais clássicos, é nos momentos em que a voz de Doseone se vira do avesso que melhor se percebe a sua importância no produto final. A sofisticação da porção instrumental do disco, na linha do anterior trabalho da senha Subtle, não teria o mesmo alcance sem os malabarismos vocais de Doseone, decididamente mais estremados do que antes e com um encaixe rítmico algo alheado do torpor (intencional) que se lhe ouve nos cLOUDDEAD. A excentricidade instrumental dos Subtle, coisa que pode ser confundida com uma algazarra de sons de esqueleto beats, é o sedimento infalível para a verve de Doseone.

For Hero: For Fool não é disco de órbita única, nem de época alguma. É, isso sim, um esforço visionário de experimentalismo que, em razão de uma dinâmica de variações incessantes, se revela um produto fértil em atmosferas e, mais do que isso, sacia apetites modais com emoções díspares. Sem parênteses e com criatividade a rodos. Pouco importa se o disco é estruturalmente discrepante quando visto (e ouvido) como peça inteira - no sentido de que cada trecho é um mundo distinto - uma vez que as composições, de per si, são tão abundantes em ideias que merecem descodificação individual. Os Subtle têm um som próprio (sublimado em For Hero: For Fool), cheio de electrónica progressiva, psicadelismo, algum rock e muito rap. Por essas e por outras, vale a pena escutar um dos grandes discos do ano.