sexta-feira, 11 de novembro de 2005

God Is an Astronaut - All is Violent, All is Bright

Apreciação final: 6/10
Edição: Musicactiva, Novembro 2005
Género: Pós-Rock
Sítio Oficial: www.godisanastronaut.com








O mundo é um lugar estranho. Assim parece quando visto (ouvido) pelo poético prisma musical dos irlandeses God Is an Astronaut. Os rapazes de Dublin versejam sem palavras, a expensas de um som com nobreza celestial e propenso à infinidade. Eles não se impõem limites e tem a ousadia de meditar em acordes avulsos, com um sentido melódico dúctil e uma energia magnetizante. Ainda que imaterial, a música é repleta de emoção e desenvolve-se progressivamente, à cata de um zénite, algures numa paisagem rústica e despovoada, onde apenas pairam vultos imaginários e vestígios invisíveis de fantasias. As cores são o preto e o branco (energias opostas de uma matriz yin-yang) e simbolizam as palpitações variantes do álbum. De facto, All is Violent, All is Bright é um mutante numa guerra dos mundos: no campo dessa batalha sem armas, o duelo é entre o registo inflamado dos Explosions in the Sky e o tom glacial dos Sigur Rós. Essa dinâmica de ânimos cria harmonias pomposas e melancólicas que, buscando o auge contemplativo, nem sempre o atingem. A guitarra e o piano, quase sempre plangentes, convivem com a firma narcótica dos sintetizadores e a percussão segue diligentemente atrás, sem se descomedir.

Monolítico e impressivo, All is Violent, All is Bright é um disco para consumir demoradamente e perceber, por detrás do teatro de sombras, o relato de um cosmos pós-rock negro de guerra, experiências em animais, violência e morte (como no vídeo de "Fragile" - disponível aqui) e de uma mensagem purgativa e redentora. Musicalmente, o último trabalho dos God Is an Astronaut não é obra magna porque não evita, no vínculo melódico que subscreve, uma certa dispersão de conceitos, particularmente sensível na segunda metade do alinhamento (a outra metade é magnífica...). Mesmo assim, All is Violent, All is Bright é um álbum de emoções francas. E quando assim é, seja tudo violento ou resplandecente, vale a pena ouvir.

1 comentário:

Unknown disse...

Creio que a dinâmica é sensivelmente a mesma. Mas gostei mais do primeiro, talvez porque havia qualquer coisa de novo que não descobri neste.